Em clima de campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um discurso municipalista e criticou, em Uberlândia (MG), o tratamento dado a prefeitos em Brasília antes de seu governo. “Eles eram recebidos por cachorros pastores alemães e pela polícia”, disse a respeito das tradicionais marchas anuais realizadas na capital federal. “Os prefeitos comeram o pão que o diabo amassou antes de eu chegar à Presidência. Com exceção de 2003, eu participei de todas as marchas dos prefeitos”. Em Uberlândia, Lula presidiu uma cerimônia simultânea de inaugurações, ordens de início e licitações de rodovias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Anel Rodoviário da cidade mineira.

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Sob os gritos da plateia de “Dilma, Dilma”, com muitos dos presentes a empunhar bandeirinhas da candidata à Presidência pelo PT, Lula encerrou seu discurso dizendo que não poderia falar nem de candidato, nem de campanha. No entanto, durante seu pronunciamento, deixou escapar: “O que esse País mudou, não vai parar de mudar”. Também voltou a prever que “daqui a seis ou sete anos, o Brasil será a quinta economia do mundo.”

A cerimônia de hoje serviu como um contraponto ao discurso do ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB), que deixou o Palácio da Liberdade exaltando as obras estaduais e com críticas à falta de apoio federal às rodovias mineiras. “Quando assumimos o governo, havia apenas R$ 1 bilhão para todas as obras rodoviárias do País. Hoje, anunciamos R$ 2,7 bilhões apenas para parte de Minas Gerais”, disse Lula, que tinha a seu lado o pré-candidato ao governo de Minas Gerais, o ex-ministro Hélio Costa (PMDB).

A cerimônia ocorreu simultaneamente a outros três eventos nas cidades de Curvelo, Patos e Guaxupé. No total, o governo federal entregou obras em oito rodovias e assinou 29 contratos para novos trabalhos de infraestrutura rodoviária. Do total de R$ 2,7 bilhões, R$ 2,3 bilhões são de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Lula disse que o País ficou sem grandes obras de infraestrutura e sem crédito entre 1980 até seu governo, quando os investimentos foram retomados.

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“Saímos de uma fase de encruamento”, disse Lula. E culpou a administração Ernesto Geisel (1974-1979) pela falta de investimentos e poupou os presidentes que o sucederam, até 2003. “Geisel foi o último presidente a fazer investimentos em infraestrutura, mas tomou dinheiro emprestado e a dívida externa que tinha taxa de juros de 3% ao ano, foi para 21% ao ano, e se tornou impagável”. Lula afirmou, ainda, que todos os presidentes que sucederam Geisel não conseguiram investir porque “o Estado estava quebrado.”

Aposentados

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Indagado pelos jornalistas se já tinha tomado uma decisão em relação ao reajuste de 7,71% dos aposentados, Lula disse que iria conversar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para depois tomar uma decisão. Lula tem até amanhã para decidir se veta ou não o reajuste.