O Palácio do Planalto precisará de muita articulação política para recompor sua base parlamentar a fim de ver a aprovação do retorno da CPMF pelo Congresso. A avaliação foi feita ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, pelo ex-presidente do Banco Central e sócio da consultoria Tendências, Gustavo Loyola. “O governo anunciou um conjunto de medidas, com corte de despesas de R$ 26 bilhões e aumento de impostos, o que não é alternativa ideal, pois o País tem uma carga tributária muito elevada. Contudo, a volta da CPMF é compreensível na atual conjuntura, devido à situação emergencial das contas públicas”, comentou.

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Na avaliação de Loyola, caso o governo viabilize o ajuste fiscal a ponto de cumprir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB em 2016, isso será positivo para a nota soberana do País no curto prazo. “Neste contexto, o Brasil poderá evitar um rebaixamento da Moody’s e até ver a Standard & Poor’s elevar a perspectiva de negativa para neutra”, destacou.

“Se ocorrerem sinais de apoio do Congresso às medidas anunciadas, especialmente a elevação de impostos, isso reduzirá a aversão a risco de investidores em relação ao País”, comentou o ex-presidente do BC. “E a menor aversão a risco vai gerar efeitos positivos sobre ativos financeiros, como uma redução da cotação do dólar em relação ao real.”

Na avaliação do economista Fábio Klein, também da consultoria Tendências, o corte de R$ 26 bilhões deverá ser bem recebido pelas agências de classificação de risco, podendo adiar possíveis novos rebaixamentos, mas, antes disso, é preciso esperar qual será a reação do Congresso e do funcionalismo público para saber se haverá ou não uma piora da crise política no Brasil.

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Entre as medidas que devem mexer com o meio político, ele destaca a volta da CPMF. “A CPMF é um tributo que conta com pontos positivos e pontos negativos, mas, independentemente disso, ele tem uma grande rejeição no Congresso”, disse o analista. “Além disso, há os cortes envolvendo os servidores, que deve causar uma reação negativa do funcionalismo.”

Para o economista, alguns pontos positivos apontados para a CPMF são o baixo custo para o governo, o baixo nível de distorção alocativa e o fato de incidir sobre operações financeiras, o que significa que se trata de imposto que não escolhe setor, incidindo “de forma igual sobre todo mundo”.

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Em tom crítico, Klein questionou a demora da equipe econômica para anunciar as medidas. “A pergunta que fica é: por que só anunciaram agora? Foi preciso uma agência rebaixar o Brasil para o governo fazer algo? Se em uma semana o governo conseguiu aparecer com essas medidas, isso mostra que havia muita gordura para queimar, como a eliminação do abono de permanência”, disse.

Apesar das críticas, o economista reconhece que os valores anunciados são expressivos e representam o primeiro sinal de esforço do governo para realizar o ajuste fiscal. “Mas é claro que nós precisamos esperar para ver como isso vai se dar – não é porque anunciou essas medidas que elas serão executadas. Tem que esperar principalmente a reação política”, afirmou.