Na primeira visita que faz ao Brasil depois de escolhido como o Prêmio Nobel de Literatura de 2010, o escritor peruano Mario Vargas Llosa, colaborador do Estado, definiu como “esquizofrênica” a conduta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e lamentou que ele “não tenha uma política internacional equivalente” às realizações internas.
Vargas Llosa falou de política e de literatura em São Paulo, num encontro com funcionários da Editora Abril, antes de viajar para Porto Alegre, onde era convidado do seminário Fronteiras do Pensamento. Na palestra de São Paulo, conduzida por Ricardo Setti, o escritor disse que o Brasil “é visto como um exemplo a ser seguido”.
O presidente brasileiro, segundo ele, “teve uma evolução notável” na política interna. “Há no Brasil um desenvolvimento que impressiona o mundo inteiro, conduzido por posições democráticas admiráveis”. O Nobel ainda elogiou o presidente brasileiro por ter respeitado a democracia e aplicado na economia fórmulas da social-democracia.
Mas lamentou, segundo o site da BBC Brasil, que Lula “não tenha uma política internacional equivalente” – referência à aproximação entre o presidente brasileiro e o iraniano Mahmoud Ahmadinejad. “Lá estão atirando pedras em mulheres adúlteras”, comentou. “Como vai legitimar um tirano assassino que representa uma forma anacrônica de fanatismo?” Para Vargas Llosa, “há razões políticas, geopolíticas, mas não há razão ética ou moral que justifique esse tipo de esquizofrenia na conduta de um governante.”