O ex-diretor da Odebrecht José de Carvalho Filho, um dos delatores da empreiteira na Operação Lava Jato, detalhou pagamentos realizados supostamente a pedido do ministro-chefe da Casa Civil do governo Michel Temer, Eliseu Padilha (PMDB), entre 1997 e 2014, em um total de R$ 10 milhões. Carvalho apontou datas e locais de entrega de valores. Os repasses teriam sido feitos sob os codinomes Angorá e Primo.

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A delação implica Padilha no recebimento de propina desde quando ele era ministro dos Transportes, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Carvalho narra pelo menos três ocasiões em que o ministro do governo Temer teria recebido dinheiro da Odebrecht, uma em 2000 e duas em 2014, quando ele já era ministro da Aviação Civil do governo Dilma (PT).

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De acordo com Carvalho, o ministro “facilitou a atuação da empresa em obras no Estado do Tocantins, incluindo a eclusa de Lajeado, que permitiria aumentar a navegabilidade do rio Tocantins”.

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Na ocasião, Eliseu Padilha teria recebido R$ 2 milhões, como pedido para “ajudar nos custos da campanha do PMDB no País naquele ano”. À Procuradoria-Geral da República, José de Carvalho Filho citou o interlocutor de nome “Edgar Santos, ligado ao partido”. Segundo o delator, Edgar teria sido o destinatário do dinheiro. “Indicaram uma pessoa com o nome Edgar Santos ligado ao partido e que repassasse a ele o valor de R$ 2 milhões”, disse.

Carvalho ainda relata duas ocasiões em que Padilha teria recebido propina em 2014. Na primeira delas, em março, o executivo Benedicto Júnior – também delator da Odebrecht – determinou o pagamento de R$ 4 milhões, que teria sido feito no gabinete do então ministro da Aviação Civil.

Nesta época, a Odebrecht participava da concorrência das concessões de alguns aeroportos do País. Acabou levando o contrato do Galeão, no Rio. Em maio de 2014, afirmou o delator, Marcelo Odebrecht determinou o pagamento de R$ 4 milhões, como “ajuda de campanha ao PMDB”.

Carvalho declarou que soube depois que Padilha destinou parte dos valores, cerca de R$ 1 milhão, para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – hoje preso no Paraná.

O delator afirmou ainda que recebeu uma ligação do ex-presidente da Câmara cobrando os valores. “Um belo dia me liga o deputado chateado, porque não tinha recebido o dinheiro, brigou comigo, falou de forma ostensiva e agressiva.”

Carvalho disse que o dinheiro pago a Padilha não foi contabilizado. Ele afirmou que desconhece o destino dado aos recursos e que apenas recebeu a ordem de seu superior, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, para que procurasse o peemedebista e avisasse que os valores estavam à disposição.