“Isso é coisa de aloprados do PMDB.” Com essa frase, marcada pelo termo usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para designar os responsáveis pela compra de um dossiê contra adversários nas eleições de 2006, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) declarou ontem ter sido “jogado na oposição” pelo grupo do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). “Estamos no começo do jogo. Se os caras começam desse jeito…”

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Pré-candidato do PT ao governo do Rio, Lindbergh foi acusado, em reportagem da revista Época, de envolvimento em corrupção quando era prefeito de Nova Iguaçu. A publicação afirmou ter tido acesso via PMDB aos documentos, tirados de investigação que corre no Supremo Tribunal Federal.

O presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, negou responsabilidade pela veiculação, mas disse que o parlamentar petista “tem de responder à Justiça” pelas acusações.

A troca de acusações ocorre enquanto o grupo de Cabral tenta viabilizar a candidatura do vice-governador, Luiz Fernando Pezão, ao Palácio Guanabara. O PMDB quer ter o apoio do PT local.

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“Colocaram nas denúncias minha família, minha mãe, até meu pai, falecido há muito”, queixou-se Lindbergh. “Assim me colocam no papel de assumir a oposição no Rio de Janeiro. É uma consequência concreta”, disse Lindbergh ao Estado. Anteontem, o senador contra-atacou, acusando o governo Cabral de não ter aplicado verbas já liberadas pelo governo federal para prevenção às consequências de chuvas. Há uma semana, chuvas atingiram Petrópolis, matando 33 pessoas.

Ele classificou como infundadas e “requentadas” as acusações – baseadas em depoimentos de Elza Elena Barbosa Araújo, ex-chefe de Gabinete da Secretaria de Finanças de Nova Iguaçu, cidade de que Lindbergh foi prefeito por dois mandatos. A ex-funcionária disse que o petista cobrava propinas de até R$ 500 mil por contrato. “Temos resposta para tudo”, afirmou Lindbergh, para quem os peemedebistas “querem jogar todo mundo na lama”. “Que desespero é esse? Querem ganhar por W. O.?”

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‘Abstrato’

Picciani procurou desvincular o PMDB das denúncias, mesmo diante da afirmação da revista de que os documentos teriam saído da legenda. “PMDB é abstrato”, disse. “Os dados são todos de um processo no Supremo. Lindbergh tem de responder à Justiça. O PMDB não tem nada a ver com isso.” Cabral, em nota, também se desvinculou da origem das denúncias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.