O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), publicou um vídeo para defender a radicalização da esquerda como forma de evitar uma eventual condenação em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima semana. Lindbergh afirmou que os esquerdistas devem “falar grosso” e precisam estar “mais preparados para o enfrentamento e para as lutas de rua”. “Não é hora de uma esquerda frouxa, burocratizada, acomodada”, declarou.
“Têm dois caminhos: ou eles percebem que aqui tem fraqueza e tiram o Lula (da disputa presidencial), ou a gente olha e diz que, se querem colocar o País nessa situação de instabilidade (ao condenar Lula), saibam que nós temos muita disposição para lutar nas ruas desse País para defender a democracia brasileira.”
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Lindbergh avaliou que a presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR) “elevou o tom do discurso” de maneira positiva ao dizer que “vai ter que matar gente” para cumprir um eventual pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, a legenda não vai aceitar a confirmação da condenação na segunda instância, pois o processo do triplex do Guarujá “não tem prova alguma”.
“O caminho agora é outro. Não é só pela via institucional, recorrendo a essa Justiça que já mostrou que tem um lado. Não é acreditando só na via institucional do Parlamento, porque a gente está vendo o que é esse Congresso Nacional, que na verdade defende os interesses do grande empresariado contra o povo trabalhador. Não, é outra esquerda, que tenha coragem de enfrentar, que aposte nas lutas sociais.”
Embora a própria Gleisi tenha dito que usou “uma força de expressão” e que a sigla “vai em paz” para Porto Alegre, Lindbergh criticou uma ala da esquerda que discordou do posicionamento da parlamentar. “O que esse pessoal quer? Que a gente baixe a cabeça e aceite (a condenação de Lula)? Será que não entendeu o que está acontecendo no País? Será que acham que a gente está vivendo um país de normalidade democrática? Estão entregando o Brasil e agora vem num processo como esse querer que a gente aceite a condenação do Lula sem provas num processo que está desmoralizado?”, questionou.
Em outra frente, o senador Magno Malta (PR-ES), rebateu as declarações de Lindbergh e Gleisi, que classificou como “ameaças”. “Vocês vão matar os juízes? Juízes, não tenham medo, façam a justiça. Se Lula não deve nada, vocês então tiram a sentença, se não tiver prova, se os autos não comprovarem nada, se ele tiver sido injustiçado, façam a justiça. Mas se tiver prova, se o que o Moro escreveu, o que o Moro investigou, a Polícia Federal e o Ministério Público, vocês não precisam ter medo de nada.”
Para Malta, o PT quer transformar Lula em mártir. “‘Lula é inimputável. Lula pode fazer o que quiser, porque fez o Bolsa Família, fez o Minha Casa, Minha Vida’. Estão pensando o que? Ele roubou o Brasil, assaltou o Brasil, vocês aparelharam o Brasil para roubar de ponta a ponta, destruíram nossas empresas. Isso é conversa para boi dormir. Vão lavar essa cara de pau de vocês”, provocou.