O governador Roberto Requião (PMDB) recebe em Curitiba amanhã, dia 12, algumas das principais lideranças nacionais do PMDB para iniciar a rodada de debates sobre o projeto de governo do partido para o país na sucessão presidencial do próximo ano. Os governadores de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira, a governadora do Rio de Janeiro, e o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, são os convidados para a primeira discussão pública do projeto.
O documento intitulado "Para Mudar o Brasil" será apresentado em Curitiba pelo ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o economista Carlos Lessa, coordenador do grupo que elaborou as propostas. Os economistas e cientistas políticos Darc Costa, Luis Eduardo Melin, César Benjamin, Marcio Henriques e Fernando Peregrino também foram convidados a discutir o projeto em Curitiba.
A proposta da direção nacional e dos governadores do partido é que a cada debate novas sugestões sejam acrescentadas ao projeto, que foi lançado em Brasília, no mês passado como uma proposta para o País. No lançamento em Brasília, no mês passado, o documento do PMDB foi explicado como um conjunto de propostas para orientar a atuação do candidato do partido às eleições presidenciais.
O documento formulado por Lessa cita cinco compromissos que deverão ser assumidos pelo PMDB na campanha eleitoral do próximo ano: com a Democracia, a Solidariedade, a Soberania, o Desenvolvimento e a Sustentabilidade. A tese central é que o país precisa deixar sua condição de economia periférica para que possa mobilizar seus recursos produtivos em benefícios de políticas que eliminem a desigualdade social.
Devagar
No dia 5 de março, o PMDB realiza uma prévia nacional para indicar o nome que o representará na sucessão presidencial, conforme vem divulgando a direção nacional do partido. Uma possibilidade que vem se tornando mais concreta a cada dia, quanto mais se agrava a crise no PT e no governo, deixando a ala peemedebista alinhada ao presidente Lula mais frágil na defesa de uma aliança para a sua reeleição. A ala pró-candidatura própria, liderada pelo deputado federal Michel Temer, vai se fortalecendo, mas o partido continua ocupando quatro importantes ministérios do governo Lula – Saúde, Comunicações e Minas e Energia .
Requião é citado como um dos nomes disponíveis no PMDB para concorrer à sucessão presidencial. Mas até agora não se inscreveu às prévias e há uma nova orientação entre os peemedebistas locais para que desacelerem as manifestações em favor da participação do governador no processo, cujas inscrições serão encerradas em dezembro.
Mesmo o presidente estadual do PMDB, deputado estadual Dobrandino da Silva, que já foi um dos mais entusiasmados com a pré-candidatura de Requião à presidência, agora mudou o tom. Disse que está trabalhando para consolidar o processo de reeleição e classificou como "precipitada" qualquer iniciativa de lançar o nome do governador à sucessão do presidente Lula. "Essa história de presidência da República é bom para o ego, mas nós temos é que trabalhar mesmo para o projeto da reeleição", disse o dirigente do PMDB.
Profundas mudanças na economia
O projeto do PMDB para o Brasil, conforme a definição de seus criadores, tem como eixo a eliminação dos efeitos da "macroeconomia do curto prazo", substituindo-a pela economia de desenvolvimento com uma combinação de políticas monetária e fiscal no rumo do pleno emprego.
De acordo com o documento, disponível para consulta no site do diretório nacional do PMDB, esta nova orientação política deve ser financiada pelo superávit de cerca de R$80 bilhões, que o governo atual destina ao pagamento de juros no sistema financeiro. " Em detrimento da educação, da saúde, do emprego e da segurança do povo brasileiro", criticam os peemedebistas.
O projeto peemedebista defende também o controle da movimentação de capitais e seus movimentos especulativos, com o Banco Central retomando a capacidade de fixar taxas de juros compatíveis com o equilíbrio das contas públicas e a retomada do crescimento econômico.
Para os idealizadores do projeto peemedebista, serão as condições políticas que ditarão o tamanho do salto do país em direção ao desenvolvimento. (EC)