Alguns dos adversários do governador Roberto Requião (PMDB) estão se dispondo a participar da reunião que o governo do Paraná está organizando na próxima terça-feira, 19, em Brasília, para mobilizar as forças políticas estaduais em defesa do cancelamento da dívida relativa aos títulos públicos podres de outros estados adquiridos pelo extinto Banestado.
O senador Osmar Dias (PDT) disse que irá, se for convidado, e o presidente estadual do PSDB e líder da bancada de oposição na Assembléia Legislativa, Valdir Rossoni, já confirmou participação no encontro. Se é para tratar de assunto de interesse do Estado, Osmar afirmou que não terá nenhuma dificuldade em sentar à mesa de negociações com Requião, com quem disputou o governo no ano passado e terminou uma antiga amizade. ?Um senador tem de defender os interesses do Estado. E eu não vou colocar problemas políticos e pessoais acima dos interesses do Estado?, afirmou.
Osmar disse que considera justa a postulação do Paraná junto ao governo federal e lembrou que, no primeiro semestre do ano passado, foi o relator de um processo da Secretaria do Tesouro Nacional, declarando o Paraná inadimplente devido à decisão do governo estadual de não quitar a dívida dos títulos e que custa, somente em multa para o Estado, cerca de R$10 milhões mensais. Osmar recomendou o arquivamento do processo. ?O Paraná só não está inadimplente hoje, sem receber recursos do governo federal, porque nós arquivamos o processo?, disse o senador.
Rossoni também anunciou que vai a Brasília mesmo que a operação de compra dos títulos tenha sido feita durante o governo Jaime Lerner (PSDB), de quem foi líder na Assembléia Legislativa. Quando o Banestado foi vendido ao banco Itaú, o Estado assumiu a dívida do banco, conforme acordo fechado com o Banco Central, que financiou o saneamento do antigo banco do Paraná. ?Quando o Lerner assumiu, o banco já estava falido. Além disso, nós não concordamos com todas as exigências que o Banco Central fez para o Paraná. Mas não tinha outro jeito?, afirmou o líder da oposição.
Rossoni criticou a forma como o governo atual aborda a dívida dos títulos, classificando-a como herança de Lerner. ?Essa multa virou um álibi para explicar todos os fracassos e tudo o que o governo está deixando de fazer. É uma posição muito cômoda?, atacou o deputado.
Sem promessas
O deputado federal André Vargas, presidente estadual do PT, afirmou que se for chamado, também participa da conversa, mas acha que o governo não deveria se limitar a tratar desse assunto com os representantes do Estado. ?Apoio político não é o problema nesse caso. O governador tem o apoio do presidente Lula. A questão é técnica?, disse Vargas.