Silêncio e a divulgação de uma nota que trata como mero “desabafo” as acusações feitas pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Essa foi a receita da cúpula do PMDB, acusada de corrupta e fisiológica pelo parlamentar pernambucano, para abafar a crise dentro do partido. Principais alvos de Jarbas, o presidente do Senado, José Sarney (AP), e o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AP), avisaram ontem logo cedo que não comentariam o assunto.
A primeira reação do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ligados a Temer, foi sugerir que o senador deixasse o PMDB. Na segunda, porém, eles entraram na operação para sufocar a discussão. A expectativa era de que o caso esfriaria nesta semana, anterior ao carnaval. Não é de hoje que Jarbas tem assumido uma posição dissidente no partido. Desde que chegou ao Senado, em 2007, tem ocupado a tribuna para criticar o governo e o comportamento fisiológico do PMDB. A relação de Jarbas com a cúpula do partido, no entanto, se desgastou mais fortemente com a eleição de Sarney para o comando do Senado e de Renan para a liderança do partido.
Um dos poucos peemedebistas que resolveram falar sobre o tema ontem foi o senador e também dissidente Pedro Simon (RS). “O comando do PMDB não tem grandeza, só pensa no seu próprio interesse. Só pensa em carguinhos, em ministério”, afirmou o parlamentar, acrescentando que uma sigla que muda de lado, apenas de olho no poder, não é um partido. Na avaliação do senador gaúcho, o comando do PMDB não vai comprar briga com Jarbas. “Para expulsar Jarbas, teriam de chamar a comissão de ética, o que destruiria o PMDB.”