O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), não está disposto a aceitar de bom grado o Ministério da Ciência e Tecnologia, que agora o Palácio do Planalto tenta oferecer à bancada peemedebista. Picciani diz a aliados querer o que foi combinado no início das discussões: o Ministério da Saúde e uma pasta da área de infraestrutura. Ciência e Tecnologia hoje é comandada por Aldo Rebelo (PC do B), que deve ir para a Defesa no lugar de Jaques Wagner, substituto de Aloizio Mercadante na Casa Civil.
Inicialmente, seria criado um Ministério da Infraestrutura, com a fusão de Aviação Civil e Portos. No entanto, para não desalojar os peemedebistas já instalados no governo, a presidente Dilma Rousseff desistiu dessa ideia. Picciani, então, passou a defender a pasta dos Portos para sua bancada. Acontece que o Planalto vê na cadeira uma opção para acomodar o filho do senador Jader Barbalho (PA), Hélder Barbalho, que hoje ocupa o Ministério da Pesca, ameaçado de extinção.
Interlocutores dizem que Picciani atribui a polêmica não ao Palácio do Planalto, mas ao próprio PMDB. Mais especificamente ao grupo do vice-presidente da República e presidente nacional do partido, Michel Temer. Temer defendeu a permanência de Eliseu Padilha (RS) na Aviação Civil e de Henrique Eduardo Alves (RN) no Turismo.
Para a Saúde, a bancada peemedebista da Câmara indicou os deputados Marcelo Castro (PI) e Manoel Junior (PB). Junior era tido como o favorito até o final de semana, mas perdeu pontos depois que vieram à tona declarações do parlamentar sugerindo a renúncia de Dilma e criticando o programa Mais Médicos. Na segunda-feira, 28, o Estado mostrou que 1/3 das doações eleitorais recebidas pelo deputado em sua campanha do ano passado veio de laboratórios e de um plano de saúde, setores com interesses no ministério.
No outro grupo de indicações da bancada, José Priante (PA) e Celso Pansera (RJ) aparecem como favoritos a ocupar um ministério da área de infraestrutura, caso a pressão de Picciani prevaleça.
Nesta quinta-feira, 1º, Dilma reúne-se com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, para tentar fechar o redesenho da Esplanada dos Ministérios. A expectativa é que o Planalto faça os anúncios até sexta-feira, 2.