O líder da bancada estadual do PDT, deputado Luiz Carlos Martins, reclamou ontem que a oposição ao governo está localizada na Assembléia Legislativa e que se ressente da falta de articulação de algumas das principais lideranças do grupo adversário ao governador Roberto Requião (PMDB), que estão fora do parlamento estadual.
Martins acha que está faltando articulação entre as posições dos líderes, como os senadores Alvaro Dias (PSDB), Osmar Dias (PDT), do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), e de deputados federais, como Gustavo Fruet (PMDB), que compartilharam o mesmo palanque na eleição de 2006.
Numa espécie de autocrítica, Martins disse que a falta de organização do grupo torna quase inócua a ação dos deputados estaduais, já que suas críticas e contestações ao governo não repercutem externamente. ?Está faltando uma manifestação do grupo que esteve alinhado ao senador Osmar Dias na eleição. O povo que votou conosco está esperando isso?, observou Martins.
Um dos pontos de origem da cobrança de Martins foi a votação da mensagem do governo que autoriza a Copel a participar do leilão de concessões de rodovias federais, aprovada anteontem de uma tacada só, com apenas oito votos contrários. Habitualmente, a oposição costuma dispor de vinte votos unificados, mas a liderança do governo obteve a adesão de uma boa parte da oposição.
Conforto
Para Martins, o distanciamento das principais lideranças do grupo das questões estaduais torna muito confortável a administração do governador Roberto Requião (PMDB). ?Eu estou refletindo sobre o nosso papel. A ausência de oposição leva o governo a um estado de letargia. Está na hora de atuarmos juntos porque assim está cômodo demais para o governador. Nós recebemos a missão de fazer oposição. Não posso ficar me coçando na cerca do Cangüiri (a granja em que mora o governador)?, disse o deputado pedetista, afirmando que parte das lideranças está concentrada em suas próprias esferas de atuação, em Brasília, e não vivem o dia-a-dia do estado.
Uma das falhas apontadas por Martins está na falta de cobrança de compromissos assumidos pelo governador durante a campanha eleitoral. Ele citou o caso do programa Leite das Crianças, cuja ampliação foi prometida antes da eleição do ano passado. ?Quando o Osmar disse que iria atender também as crianças de três anos e mulheres grávidas, o Requião disse que também faria. Quase um ano depois da eleição, nada aconteceu. E não se fala mais nisso?, afirmou.
Para o líder da bancada de oposição, Valdir Rossoni (PSDB), cada um cumpre o seu papel. ?Eu tenho procurado fazer oposição com firmeza e determinação. Mas a política do Paraná sempre teve esse erro. A eleição passa e parece que todos estão do mesmo lado. Parece que não houve uma discordância de projeto de governo?, comentou. E acrescentou: ?Aqui, nós estamos fazendo oposição. Eu tenho procurado ser aguerrido. Fora, não me compete avaliar. Eu não vou cobrar dos outros?, disse.
