O líder do partido de oposição União Nacional de Colorados Éticos (Unace) e ex-comandante do Exército paraguaio, general reformado Lino César Oviedo, ameaçou o presidente Fernando Lugo com um julgamento político por ele ter permitido a realização, num quartel militar, de uma convenção de jovens militantes de partidos de esquerda. “Se o presidente não destituir o chefe de seu gabinete, Miguel López, e o comandante do Exército, general Alfredo Machuca, por terem permitido uma reunião política no local do comando de engenharia, vamos impulsionar um julgamento político”, advertiu Oviedo em declarações ao canal 11 de televisão.

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O militar reformado exibiu cópias da autorização de Machuca ao governista Partido do Movimento ao Socialismo (P-Mas), de esquerda, para que cerca de 800 jovens do Paraguai e de mais seis países – Uruguai, Venezuela, Bolívia, Equador, Argentina e Brasil – realizassem uma reunião no local. Um encontro semelhante ocorreu em novembro de 2008 na Bolívia. A Constituição paraguaia proíbe a utilização de forças militares (recursos humanos, armas e edifícios) para fins políticos.

O general Machuca explicou aos jornalistas que “a permissão para que jovens de diferentes países acampassem no quartel foi autorizado pelo escalão superior”, uma alusão do almirante Cibar Benítez, comandante das forças militares. Ele, porém, desmentiu a afirmação e disse que desconhecia o ocorrido porque estava no exterior. “López, além disso, aprovou a decisão de Machuca. Portanto, ambos devem ser destituídos nos próximos dias”, disse Oviedo, afirmando que na Câmara dos Deputados e no Senado “existem votos (da oposição) para o julgamento político”.

Oviedo disse que “me informaram que a bandeira paraguaia que tremulava no comando de engenharia foi arriada e em seu local foi içado o símbolo do P-Mas. Além disso, o coordenador das atividades foi um coronel venezuelano cuja identidade revelaremos no momento certo”. O Congresso, composto por 80 deputados e 45 senadores, é dominado pela oposição. Lugo não fez comentários sobre o episódio, mas a vice-ministra da Juventude, Karina Rodríguez, organizadora do encontro, tentou explicar. “Talvez tenha havido algum erro na forma do uso do comando de engenharia, mas as forças militares são do povo e não de algum particular. Estamos em tempos democráticos”.

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