O líder da oposição, deputado Durval Amaral (PFL), atacou ontem o presidente da Sanepar, Stênio Jacob, para defender a administração anterior da empresa. Amaral manifestou-se a respeito das críticas do governador Roberto Requião (PMDB) ao pacto de acionistas da empresa, que inspiraram o pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar supostos prejuízos causados pelo acordo à empresa.
Em discurso na tribuna da Assembléia Legislativa, Amaral mencionou que Requião vem sempre apontando a existência de uma quadrilha na empresa. Segundo o deputado pefelista, a quadrilha poderia ser integrada pelo atual presidente da Sanepar, Stênio Jacob, que teria sido denunciado pelo Ministério Público na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, por irregularidades na diretoria de Obras e Saneamento, que ocupou na prefeitura catarinense. “Não fiz nenhuma denúncia. É um fato público”, disse o deputado.
No discurso, Amaral disse que o governador não pode prejudicar a população cortando o repasse de recursos para a empresa. “Não há irregularidades no pacto assinado no governo passado. Desde que foi firmado o negócio, em todos os anos seguintes a Sanepar teve suas contas aprovadas pelo Tribunal de Contas e por auditores. Não posso concordar com essa decisão de cancelar R$ 1,7 bilhão em obras. Tal medida pode provocar um colapso nas obras de saneamento e vai atingir em cheio a população paranaense, que deixará de contar com novas ligações de água e esgoto, entre outras obras”, afirmou Durval Amaral.
Sobre a instalação da CPI, o líder da oposição reafirmou que até hoje a Sanepar teve todas as suas contas e negócios aprovados. “Querem disseminar que há uma quadrilha atuando na Sanepar, mas essa CPI não vai apurar as irregularidades que o governo acredita existir. No governo passado as coisas foram muito transparentes e os investimentos prometidos foram cumpridos”, afirmou o líder da oposição.
Jacob: “pacto é imoral”
O presidente da Sanepar, Stênio Jacob, rebateu as acusações do líder da oposição, deputado Durval Amaral (PFL), citando que ele foi líder do governo Jaime Lerner (PSB) e “compactuou com todas as falcatruas praticadas nos oito anos que antecederam a gestão Requião”.
Jacob comentou ainda que Amaral foi um grande aliado de Lerner. “Em especial nos casos de liquidação do patrimônio público, desde a doação do Banestado à autorização de venda da Copel, sem contar a própria Sanepar, em parte, vendida”, afirmou. Ele mencionou que, por meio de um pacto de acionistas, o governo anterior delegou ao grupo, que comprou quase 40% das ações, o comando e a linha política da empresa.
Stênio afirma que “imoral é esse pacto feito no apagar das luzes do governo Lerner e que o prejuízo maior vai ser sempre da população, já que, pela visão mercantilista desse grupo está prevista a maximização do lucro”.
O presidente da Sanepar apontou ainda ligações entre o doleiro Alberto Youssef e o deputado Durval Amaral. “O famoso doleiro Alberto Youssef, em depoimento à Justiça Federal, citou que havia entregue cerca de 2 milhões de dólares ao líder Durval Amaral. O ?negócio? era a parte que cabia ao deputado na falcatrua da Copel, no caso Adifea”, atacou.