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Licenciado, Aécio é acusado de destituir dirigente tucano

Impedido de exercer atividades parlamentares pelo Supremo Tribunal Federal até sexta-feira passada, o senador Aécio Neves (MG) não deixou de fazer política partidária. Embora o tucano esteja licenciado da presidência do PSDB, sua assinatura aparece como a responsável por interromper o mandato de um deputado federal do partido como presidente da sigla no Acre para colocar um aliado no poder no Estado. É o que acusa Major Rocha, agora ex-presidente local da sigla.

Em meio ao pior momento da carreira política de Aécio, no dia 11 de junho, um domingo, às 15h12, foi alterado na Justiça Eleitoral o mandato de toda a Executiva estadual no Acre. Foram destituídos de seus cargos 14 tucanos e o presidente Rocha. A mudança foi registrada pelo Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias (SGPI) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na ocasião, o senador Tasso Jereissati (CE) já havia assumido interinamente o comando do PSDB.

O Estado teve acesso ao documento da Justiça Eleitoral que sacramenta o término do mandato de todo o Diretório Estadual. Segundo o documento, o prazo foi alterado de 31 de maio de 2018 para 17 de junho de 2017. Uma consulta no site do TSE informa que, antes dessa, a última alteração tinha sido realizada dois meses antes, no dia 7 de abril, quando o mandato de todos os membros do Diretório fora prorrogado por um ano.

As mudanças no Diretório Estadual do Acre são assinadas eletronicamente por Aécio Neves da Cunha (mais informações no quadro ao lado). A assessoria de imprensa de Aécio, no entanto, informou que o senador está afastado das funções partidárias e só tomou conhecimento do caso pela reportagem.

Rocha integra o grupo conhecido como “cabeças pretas”, ala do PSDB na Câmara que pede o desembarque do partido da base aliada do governo Michel Temer. Ele também tem sido uma das vozes tucanas que pedem a convocação de uma convenção nacional para que os filiados possam eleger um novo presidente para a sigla.

‘Golpe’

Por causa disso, o deputado acriano acusa Aécio de ter dado um “golpe” para beneficiar o ex-deputado federal Marcio Bittar, tucano do mesmo Estado que almeja ser candidato a senador pelo PSDB em 2018.

“O que vivenciamos no partido, infelizmente, foi uma tentativa de golpe. Veja que nos dias 13 e 19 alguém entrou no site do TRE e simplesmente apagou a atual Executiva. No dia 19, tentaram inscrever outra Executiva. O que mais me chamou atenção foi que quem fez isso, segundo o TRE, foi o Aécio, alguém que está afastado da presidência. Informei o presidente, Tasso Jeiresatti, que ficou preocupado e tentou resolver esse problema”, disse o deputado federal ao site AC24horas do Acre.

Rocha se negou a comentar o assunto com a reportagem, mas o Estado apurou que o deputado ameaçou entrar com um mandado de segurança na Justiça. A situação fez com que a cúpula tucana agisse para controlar a crise interna. O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), conseguiu evitar que Rocha levasse a situação à tribuna do Câmara dos Deputados na semana passada.

Desempenho

Procurado, Bittar disse que o assunto é uma questão interna do PSDB e não tem relevância nacional. Ele argumentou que o mandato de Rocha tinha período de dois anos e expirou.

A justificativa oficial do PSDB para a interrupção do mandato de Rocha é o fraco desempenho do partido no Acre nas eleições de 2016. Isso porque, em janeiro de 2017, quando Aécio aprovou a prorrogação do mandato de todas as Executivas, incluindo o seu, a direção do PSDB havia estabelecido metas de desempenho para o pleito terminado meses antes.

Pela resolução do partido, apenas os Estados que tivessem atingido um desempenho mínimo poderiam ter os mandatos das Executivas prorrogados. Ao todo, seis Estados não conseguiram atingir a meta de candidatos recomendada pela direção nacional. Os comandos de cinco outros Estados conseguiram negociar a extensão do mandato, somente o Acre teve sua Executiva destituída.

Procurado pela reportagem, João Almeida, diretor de Gestão Corporativa do PSDB, disse que foi ele quem usou login e senha de Aécio para alterar a composição da Diretório Estadual do Acre. Segundo ele, o login é cadastrado em nome do presidente do partido, por isso a assinatura de Aécio na movimentação realizada. Almeida ainda argumentou que o Acre não ultrapassou a linha de corte pelo pífio desempenho nas eleições municipais do ano passado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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