Depois de passar cerca de trinta dias detido no Centro de Triagem, o ex-vereador e ex-deputado estadual Custódio Aparecido da Silva (PTB) foi solto na tarde da última quarta-feira. Ontem ele voltou ao local, para falar com a imprensa e explicar os motivos que o levaram à cadeia pela segunda vez. ?Isto foi um seqüestro, sinto-me um preso político porque não havia mandado de prisão contra a minha pessoa. Foi uma arbitrariedade do Ministério Público, um crime cometido por alguém lá de dentro?, denunciou.
Esta é a segunda prisão de Custódio em pouco mais de um ano. Ele já havia passado nove meses preso – entre outubro de 2002 e julho de 2003 -no Batalhão da Guarda da Polícia Militar, e foi solto por decisão do presidente do Tribunal de Justiça (TJ), desembargador Oto Sponholz, após ter tido cinco habeas corpus negados, três pelo TJ e dois pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele é acusado de apropriação indébita dos salários dos funcionários de seu gabinete na Câmara de Curitiba.
De acordo com a 6.ª Vara Criminal, no dia ?19 de setembro foi revogada a prisão preventiva do acusado, com expedição de alvará de soltura e determinação de recolhimento do mandado de prisão, de 12 de setembro?. Mesmo assim, Custódio foi preso novamente. ?Não sei quem mandou me prender, mas foi abuso de autoridade. É uma perseguição daqueles não moram na periferia e só aparecem por lá na campanha?, disse. ?Não posso acusar o Ministério Público, conheço a instituição e não posso acreditar que seja a entidade que tenha feito essa sacanagem comigo. Mas, com certeza, foi alguém lá de dentro?, denunciou.
O ex-parlamentar pretende obter cerca de dez mil assinaturas para encaminhar à Comissão dos Direitos Humanos Internacional e ao Ministério da Justiça. ?Eles precisam ter conhecimento desta situação. Desse jeito qualquer pessoa honesta pode ser presa arbitrariamente, por abuso de autoridade. Nunca fui processado, nunca furtei e fui obrigado a passar por este constrangimento, por esta dor?, contou. Fiquei este tempo todo dormindo no chão, dividindo uma cela com oito pessoas, vigiado na ponta de escopeta e metralhadora. Vocês não imaginam o que eu passei?, contou emocionado.
De acordo com Custódio, seu advogado, o vereador Jonathas Pirkiel, deverá pedir proteção ao Estado. ?Moro há 33 anos na Vila Nossa Senhora da Luz, tenho 28 anos de carteira assinada, sempre trabalhei pelo povo e com honestidade. Agora estou sendo ameaçado, e por isso vou pedir segurança do Estado, porque posso ser morto a qualquer momento?, falou. Ele contou que uma semana antes de ser preso, cinco homens armados entraram na casa de sua cunhada à sua procura. ?Coisas graves estão acontecendo, como telefonemas e cartas anônimas, e não dá para entender porque?.
Custódio da Silva foi vereador de Curitiba por três mandatos, e como primeiro suplente de deputado assumiu uma cadeira na Assembléia por onze meses, pelo PFL. ?Sai do PDT para o PFL porque tinha vários projetos, e o mais importante era o hospital do trabalhador. Fizemos uma negociação, e recebi o hospital e um posto de saúde em troca da transferência para o partido. Abri mão do mandato de vereador para assumir a suplência, mas fui afastado porque era contra a venda da Copel, porque defendia um patrimônio do povo do Paraná?, lembrou.