A Superintendência da Polícia Federal (PF) em Alagoas informou que o candidato ao governo Ronaldo Lessa (PDT) solicitou hoje uma nova data para prestar depoimento sobre o suposto superfaturamento das obras de macrodrenagem do Distrito Industrial de Maceió. Lessa deveria ter prestado depoimento ontem no inquérito sobre a Operação Navalha, mas não compareceu à sede da corporação nem deu explicações.

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De acordo com a assessoria de imprensa da PF, o delegado Felipe Correia analisa o pedindo de Lessa, mas ainda não se manifestou a respeito. “Por enquanto o pedido está em fase de análise. Por isso, ainda não temos uma data para o depoimento do ex-governador Ronaldo Lessa”, informou.

O pedido de Lessa foi apresentado por seu advogado penal, José Fragoso, que esteve pessoalmente na sede da instituição, no bairro de Jaraguá. “Eu estive lá para mostrar que o meu cliente não foi intimado para nenhum depoimento na terça-feira passada. Por isso, solicitei – por meio de um requerimento – que a Polícia Federal escolha uma nova data. Desta vez ele vai comparecer e prestar os esclarecimentos sobre o caso.”

Fragoso não quis entrar no mérito da denúncia que pesa sobre Lessa com relação à Operação Navalha, deflagrada em Alagoas e em pelo menos mais sete Estados. De acordo com a PF, foram desviados cerca de R$ 14 milhões das obras da macrodrenagem, que estavam sob a responsabilidade da Construtora Gautama. Esses valores atualizados pela taxa básica de juros, a Selic, chegariam a R$ 46 milhões.

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Além de Lessa, foram convocados para prestar depoimento ontem na PF – e não compareceram – o ex-governador Manoel Gomes de Barros e o empresário Zuleido Veras, dono da Gautama. Em 2007, quando a Operação Navalha foi desencadeada, os contratos da Gautama sob suspeita somavam R$ 499,96 milhões. O valor total dos contratos realizados à época pela construtora estava estimado em R$ 1,5 bilhão.

Processo

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No horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, Ronaldo Lessa acusa o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), que disputa com ele o segundo turno das eleições em Alagoas, de ter recebido R$ 500 mil de propina da Construtora Gautama. Lessa chega a usar imagens do noticiário do Jornal Nacional e Fantástico, da Rede Globo, para denunciar o suposto envolvimento de Vilela na Operação Navalha.

Já Vilela não só nega o recebimento de propina da Gautama como apresenta um documento da Controladoria Geral da União (CGU) dizendo que nada consta contra o governador. Por conta a denúncia de recebimento de propina, Vilela está processando Lessa na Justiça Estadual. A ação foi protocolada no Tribunal de Justiça do Estado em julho de 2010, pelo advogado Delson Lyra da Fonseca.

Segundo um assessor de Vilela, o governador decidiu processar Lessa a pedido da filha, que não teria gostado de ouvir o pai ser chamado de ladrão. Lessa é acusado de calúnia e difamação.