Leilão deixa os pedágios nus no Paraná

O resultado do leilão para a concessão de rodovias federais realizado na terça-feira passada, dia 9, conseguiu aquilo que o governador Roberto Requião (PMDB) não alcançou em cinco anos de pregação ininterrupta e diária contra os contratos atuais assinados em 98 com as seis concessionárias de pedágo: a unanimidade das opiniões na Assembléia Legislativa e fora dela contra o valor atual cobrado nas estradas privatizadas no Paraná.

De deputados e senadores de oposição até os aliados, que nem sempre fizeram coro ao discurso de Requião, todos agora se juntaram para exigir mudanças nos contratos redigidos no início do segundo mandato do ex-governador Jaime Lerner (PSB). A diferença, gritante, entre os valores das tarifas do pedágio federal e aquela cobrada nas estradas privatizadas do Paraná, levou até o líder da oposição e ex-líder do governo Lerner, Valdir Rossoni (PSDB), a fazer uma espécie de ?mea culpa?: ?Há acertos e erros. Esses contratos foram um erro. O tempo é o senhor da razão. Uma rodovia não pode ter custo de pedágio diferente no País?, disse Rossoni.

Mas Rossoni também menciona que as condições enfrentadas em 98 eram diferentes das atuais, nas quais o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva licitou as estradas e obteve preços mais atraentes que aqueles cobrados no Paraná. ?O Lerner assumiu responsabilidades que não eram dele. As rodovias eram federais. Este foi o erro?, disse o líder do bloco de oposição, que agora propõe a devolução das concessões ao governo federal, que delegou os trechos ao governo do Paraná.

Convocação

Para a base aliada a Requião na Assembléia Legislativa, o leilão de Lula veio a calhar. Cansados de falar sozinhos contra o pedágio, receberam, inesperadamente, o reforço de lideranças como o senador Osmar Dias (PDT), que defendeu a revisão dos contratos e a aplicação dos recursos da Cide (Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico), cobrada sobre a comercialização dos combustíveis, nas estradas do Paraná como uma maneira de baratear os pedágios. Até o senador Flávio Arns (PT), que nunca participou desse debate, saiu defendendo mudanças no sistema.

Animado com o súbito apoio à guerra contra as atuais tarifas, o líder do governo, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), está fazendo uma convocação geral da sociedade civil e até do Judiciário para reduzir as tarifas cobradas no Estado. ?É hora de fazermos uma mobilização da sociedade paranaense e do Judiciário paranaense. Devemos mobilizar os políticos na Assembléia Legislativa e criar de fato um ambiente para que essa discussão venha para o Judiciário do Paraná?, disse Romanelli.

Para o líder da bancada do PMDB, Waldyr Pugliesi, está criado o clima para sensibilizar o Judiciário a decidir a favor de uma mudança nos contratos do Paraná. ?Quem é que ousa neste País romper contratos, a não ser o Roberto Requião? Todo mundo cai de pau em cima dele, mas não vejo outro caminho?, afirmou.

Com preço baixo, a tarifa não assusta

Elizangela Wroniski

Foto: Lucimar do Carmo

Stephani: ?Seria ótimo?

Duas praças de pedágio devem ser instaladas no ano que vem na BR-376, entre Curitiba e Garuva (SC). Porém, a novidade não está preocupando os motoristas que costumam utilizar o trecho para chegar a Guaratuba, no litoral do Paraná. Alguns deles, entrevistados ontem por Paraná-Online, acham justo o valor anunciado pelo governo federal, R$ 2,04, se comparado com o que é cobrado para ir da capital até Paranaguá pela BR-277: R$ 10,90.

Jorge Barbosa da Conceição mora em São José dos Pinhais e é a favor do pedágio na BR-376. Porém, ressaltou que o valor a ser cobrado dos usuários não pode ser abusivo como o praticado na BR-277.

?A gente gasta R$ 10,90 para ir e R$ 10,90 para voltar. Acaba sendo mais caro até do que a gasolina. Isto é um assalto?, reclamou.

Foto: Lucimar do Carmo

Fregonesi cobra melhorias.

Stephani Bravos, de Curitiba, também não reclama de ter que desembolsar o dinheiro. ?Mas a estrada deve ter manutenção, se um carro quebra tem que ter auxílio. Se o preço continuasse assim, seria ótimo?, falou. A mesma opinião é partilhada pelo londrinense Roberto Antônio Fregonesi. Afirma que o governo abandonou as estradas, então a solução é mesmo o pedágio. No entanto, reclamou muito dos valores que são cobrados hoje. Da sua cidade até Guaratuba gastou cerca de R$ 50,00. ?O dinheiro que eu vou gastar para ir e voltar daria para pagar mais duas diárias no hotel?, comparou. Ele disse ainda que acha justo o valor anunciado pelo governo, porém cobrou infra-estrutura. ?A gente veio com criança desde Londrina e não tinha banheiro nas praças de pedágio onde passamos?, reclamou. Sugeriu ainda que o governo baixe o preço do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). ?Este dinheiro não está sendo aplicado nas estradas como deveria?, comentou.

Os preços sugeridos para os novos trechos pedagiados no País também chamaram a atenção dos parlamentares na Assembléia Legislativa do Paraná. Eles querem que os contratos com as concessionárias que já atuam no Estado sejam revistos para diminuir o valor das tarifas. Alguns defendem, inclusive, o rompimento de contratos.

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