Foto: Agência Brasil |
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José Alencar pode engordar o pequeno e promissor PR. |
Depois de muito barulho durante o ano passado, quando a cláusula de barreira quase acabou com a vida de mais de dez partidos, o Congresso reabre em fevereiro com a mesma paisagem de quatro anos antes: muitas siglas, uma representação distorcida do eleitorado e as eternas promessas, jamais cumpridas, de uma reforma política digna desse nome.
A nova legislatura começa com 27 partidos em vez de 29. Das muitas fusões anunciadas no fim do ano, só duas sobreviveram. Numa delas, o Partido dos Aposentados da Nação (PAN) foi incorporado ao PTB – e assim muda de endereço o famoso bordão ?Peroba neles!?, criado por um de seus militantes, o paulista Osmar Dias.
Na outra fusão, o Partido Liberal (PL) e o Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona) juntaram-se para formar uma nova legenda, o Partido da República (PR). De resto, derrubada a cláusula de barreira pelo Supremo Tribunal Federal, voltam à rotina, como se nada houvesse acontecido, legendas ativas, como PPS, PTB, PSOL, PV e PCdoB, mais uma penca de 12 ou 15 que só dão sinal de vida nas temporadas de horário gratuito de rádio e TV.
?O que se viu foi mais uma dessas fantásticas histórias da nossa vida partidária?, afirma o cientista político Jairo Nicolau, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Aconteceu de novo, diz ele, uma enorme confusão entre duas coisas bem diferentes – o direito à organização partidária, que é constitucional, e as regras de acesso dos partidos aos recursos públicos, que precisam, segundo ele, ser reavaliadas. ?Não se trata de termos três partidos a mais ou cinco a menos?, adverte. ?A Espanha tem mais de 200 e isso não atrapalha. Mas na lei espanhola não basta um partido existir para ter direito às verbas e ao tempo de propaganda, como aqui.?
O PR, fundado em 26 de outubro, herda o número 22, que era do PL Entrou em janeiro com 25 deputados federais – os 23 eleitos pelo PL e mais dois do Prona, Enéas Carneiro, de São Paulo, e Suely Santana, do Rio de Janeiro. No Senado, terá três representantes, um dos quais o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (AM).
Mas essa bancada pode crescer nas próximas semanas, se for confirmada a adesão, entre outros, do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, que deixou o PPS. No fim da semana, Blairo foi a Manaus discutir o assunto com o ex-ministro Nascimento, que talvez volte ao cargo no novo governo Lula.
Blairo pode levar consigo outros deputados – e assim o PR talvez estréie em plenário com três nomes de peso – o vice-presidente José Alencar, um possível ministro e um governador. Essa bancada pode fazer do PR o sexto maior partido no Congresso, atrás apenas de PMDB, PT, PSDB, PFL e PP. O ?novo? PTB chega ao plenário com 27 deputados e 3 senadores. A fusão com o PAN deu-lhe exatamente o que precisava para sobreviver à cláusula de barreira: um nome a mais, o do deputado maranhense Cleber Verde.
