As mudanças na Procuradoria-Geral da República (PGR) e na Polícia Federal (PF) vão colocar a Lava Jato “no rumo certo”, disse o presidente Michel Temer dois dias após a Câmara barrar a denúncia de corrupção passiva apresentada pelo procurador-geral Rodrigo Janot – que deixará o cargo em 17 de setembro e será substituído por Raquel Dodge.

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Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Temer não descartou a possibilidade de troca de comando na Polícia Federal – “este é um assunto que está sendo estudado pelo Ministério da Justiça” – e disse que “nunca pretendeu destruir a Lava Jato”.

“[As mudanças na PGR, na PF e no Supremo Tribunal Federal] darão o rumo correto à Lava Jato. Ninguém nunca pretendeu destruir a Lava Jato. Eu não ouvi o depoimento de nenhum agente público que dissesse vamos paralisar a Lava Jato, ninguém”, disse Temer. “O rumo certo é o cumprimento da lei. Rigorosamente o cumprimento da lei. Não há como descumprir a lei sob pena de criar instabilidade social.”

O presidente disse que a denúncia contra ele “é pífia, inepta”. “A investigação é algo que antecede a denúncia. O que se quer é o seguinte: como não se fez investigação durante o inquérito, vão agora, depois da denúncia. Isso é de um ridículo jurídico que envergonha qualquer aluno do segundo ano da Faculdade de Direito”, afirmou.

Base encolhida

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Questionado sobre o encolhimento da base aliada após as delações da JBS, Temer afirmou que vai rearrumá-la “dialogando, sem retalação”, e que pode chegar a 310 votos na Câmara para aprovar a reforma da Previdência, dois a mais que o mínimo necessário. Segundo o presidente, muita gente que votou contra ele votará “a favor da Previdência”, citando o PSDB. “Eu sei que eles têm compromisso com a responsabilidade fiscal, sempre pregaram isso.”

Balcão de emendas

Na entrevista ao “Estado de S. Paulo”, Temer se irritou ao ser questionado sobre a constrangedora negociação de emenda em plenário no dia da votação. “Isso não aconteceu. O que aconteceu foi que o Imbassahy (ministro da Secretaria de Governo) voltou para o plenário para votar e lá muitos foram a ele para falar de emendas, e alguém ouviu ele falar que iria empenhar livremente as emendas como têm sido liberadas. Aliás, muita gente que ganhou muito dinheiro nos empenhos votou contra.”

“Impopularidade”

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Para Temer, sua “impopularidade” é diferente da de Dilma Rousseff. Quando a ex-presidente tinha de 7% a 8% de aprovação, o então vice afirmou que seria muito difícil que ela conseguisse chegar ao fim do mandato com uma popularidade tão baixa. Hoje ele tem apenas 5%. “É que há uma diferença entre a impopularidade daquela época e a desta. Acredito que a minha impopularidade, para usar o vocábulo, decorre das reformas que estou fazendo. Portanto, o reconhecimento virá depois”, disse.

O presidente também observou que não houve mobilização popular no dia da votação da denúncia contra ele. “Vejam um caso impressionante como esse, de uma autorização para processar o presidente da República. Vocês estiveram na frente do Congresso? Fotografaram na frente do Congresso? Vocês estiveram na época do impeachment? Fotografaram na época do impeachment? (com tom de voz mais elevado). A notícia que tenho é de que agora tinha três pessoas lá na frente, duas saíram e daí ficou uma só. Sem graça, foi embora.”