O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou na manhã desta quarta-feira, 10, que a operação não vai mudar o País por si só, mas que pode representar um ponto de apoio no combate à corrupção. Na avaliação do procurador, a Lava Jato trata de um “câncer”, mas o sistema brasileiro é “cancerígeno”, com condições que favorecem a proliferação de irregularidades.

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“Apesar da Lava Jato não transformar o País, ela traz um momento muito propício. A Lava Jato pode ser um ponto de apoio, ela quebra o cinismo, o cinismo é o último golpe, o golpe mortal da corrupção. A Lava Jato nos faz acreditar que as instituições podem, sim, funcionar”, disse o procurador, um dos palestrantes do evento “Democracia, Corrupção e Justiça: Diálogos para um país melhor”, promovido por uma instituição de ensino superior, em Brasília.

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Ao comentar os desdobramentos das investigações, Dallagnol citou dois “mitos” em torno da operação. “O primeiro mito é que a Lava Jato vai transformar o País. Ela trata de um câncer, um tumor, o que ela vai conseguir é recuperar o dinheiro desviado, mas o sistema é cancerígeno. Precisamos tratar das condições que favorecem a corrupção no Brasil”, ressaltou. “O segundo mito que gostaria de descartar é que um grupo de pessoas vai mudar o País. Nós só mudaremos o País quando nós, sociedade, nos mobilizarmos.”

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Dallagnol voltou a afirmar que o Brasil é o “paraíso da impunidade”, com um ambiente propício ao florescimento da corrupção. “Não podemos perder a nossa capacidade de nos indignar com a injustiça. O caso Lava Jato não vai resolver o problema da corrupção, a mudança de governo não é caminho andado (nesse sentido)”, destacou o procurador. “Precisamos depositar nossa confiança não sobre pessoas ou grupos, mas sobre instituições.”

Cultura

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, por sua vez, destacou que a “percepção social” em torno da corrupção aumentou no Brasil ao longo dos últimos anos. “O enfrentamento da corrupção produzirá uma mudança cultural muito relevante”, destacou Barroso.