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Lava Jato não pode se intimidar com declarações de ‘poderosos’, diz Rubens Bueno

Líder de um dos partidos da base governista na Câmara, o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) criticou nesta terça-feira, 25, as declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal que culminou com a prisão de quatro policiais legislativos do Senado na semana passada.

“A Operação Lava Jato, a mais completa força-tarefa de combate à corrupção já realizada no Brasil, não deve se intimidar com declarações de pessoas poderosas que se consideram acima da lei. Até porque essa foi uma das principais conquistas da operação: a prisão de autoridades que, num passado recente, por terem alta influência no meio político e até no Judiciário, conseguiam arrastar processos, evitar prisões e se livrar de condenações por atos de corrupção”, disse Bueno, por meio de nota.

Ontem, Renan chamou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, de “chefete de polícia” após o ministro afirmar que os agentes da polícia legislativa “extrapolaram” a competência. O senador também disparou contra o juiz Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela operação contra o Senado, a quem chamou de “juizeco”.

Na nota, Bueno diz que os trabalhos da Operação Lava Jato continuam avançando para “passar o Brasil a limpo” e que os investigados deveriam se concentrar em se defender das acusações. “O problema do Brasil é que muitas autoridades não admitem ser investigadas. É uma inversão de valores, se acham acima da lei. Na verdade, um agente público deveria ser o primeiro a se colocar à disposição da Justiça após ser alvo de alguma denúncia”, defendeu o deputado.

O líder acredita que pode haver excessos na ação policial, mas que isso não justifica a tentativa de desqualificar a operação. “A Lava Jato não tem partido. Não escolhe investigados. O avanço do trabalho é que está revelando as teias dessa organização criminosa que se instalou no poder. Como em toda investigação desse porte, ocorreram alguns excessos pontuais que devem ser corrigidos. Mas isso não pode servir de desculpa para a desqualificação de uma operação que está fazendo muito bem ao País”, disse.

Reação

A Associação da Polícia do Congresso Nacional distribuiu entre os policiais legislativos uma carta na qual defende os agentes do Senado. “A Polícia Legislativa Federal é composta por profissionais atentos às leis, à Constituição Federal e às normas internas do Congresso Nacional. Trabalha rigorosamente dentro dos ditames legais e de princípios éticos. Essa geração de novos servidores públicos, como esses policiais legislativos que foram suspensos por ordem judicial, é uma geração de jovens que não aceitam praticar ilegalidades. Nasceram e recrudesceram no senso ético. Nunca aceitariam executar uma ordem manifestamente ilegal”, diz o texto assinado pelo diretor de Comunicação da entidade, Antônio Vandir de Freitas Lima. O dirigente diz que os policiais legislativos não admitem grampos ilegais, tampouco implantam escutas.

Lima afirma confiar que os “equívocos” serão esclarecidos, ressalta que sua intenção não seja opor policiais federais e legislativos e chama a Lava Jato de “patrimônio ético”. “Não se pode negar a importância da ação desses profissionais. Contudo, quem os fez com ferro, nos fez com fogo! Nós, Policiais Legislativos Federais, somos feitos dessa mesma matéria. Nós somos da mesma estirpe que fez surgir o homo probus, como vetor de grandes mudanças na forma de lidar com os bens do Estado”, enfatiza.

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