A indicação do juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e a reincorporação da Polícia Federal aos quadros da Pasta – que ganhará status de “superministério” – foi comemorada por investigadores da Operação Lava Jato. A expectativa é de reforços para os trabalhos do escândalo Petrobras e das investigações decorrentes e também de nomeação de integrantes da força-tarefa para integrar o governo e o comando da PF.

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Com quatro anos de apurações, a equipe da Lava Jato na PF vive fase de penúria, apesar das dezenas de inquéritos abertos ainda, perícias em andamento, dados a serem analisados. Sem mais dedicação exclusiva, sem equipe suficiente, sem verba específica, o caso Petrobras saiu da lista de prioridades da polícia, em Curitiba, depois da troca de governo em 2017.

Na quinta-feira passada, o magistrado aceitou o convite do presidente eleito para integrar o futuro governo. Antes da oficialização do seu nome, Moro e Bolsonaro conversaram na sala da casa do deputado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Uma das exigências foi para que o Ministério da Segurança Pública, criado pelo governo do presidente Michel Temer, que tirou a PF da Justiça, fosse fundido, voltando à configuração anterior da Pasta.

Com os inquéritos decorrentes da delação premiada de Antônio Palocci, o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff, as análises do sistema de comunicação e contabilidade do setor de propinas da Odebrecht ainda em curso, a necessidade de mais equipe e atenção com a Lava Jato devem ser levados ao futuro ministro e ao comando da PF.

Indicações

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O futuro ministro Sérgio Moro já confirmou a interlocutores que vai levar para o ministério integrantes da força-tarefa da Lava Jato. O magistrado já avalia nomes ligados à Polícia Federal e à Receita Federal.

Além de nomes da PF e da Receita, o juiz tem afirmado a interlocutores que gostaria de contar com “um ou dois nomes” ligados ao Ministério Público Federal, mas admite que a participação de representantes desse braço da Lava Jato é “mais complicada” porque dependeria de exoneração de cargos.

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O nome do atual superintendente da PF no Paraná, Maurício Valeixo, é um dos que está na lista de possíveis convidados para assumir o posto de diretor-geral da PF, cargo ocupado atualmente por Rogério Galloro. Mas os nomes mais cotados são o de profissionais da equipe originária da Lava Jato, como o chefe da equipe Igor Romário de Paula, que comanda o setor de combate ao crime organizado no Estado, o chefe nacional de combate aos crimes financeiros, Márcio Anselmo, que iniciou as apurações do escândalo Petrobras ao lado da delegada Erika Marena, atual superintendente da PF, e do delegado Luciano Flores de Lima, em Sergipe, atual superintendente da PF no Mato Grosso do Sul.

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Para colocar em prática a promessa de uma “agenda anticorrupção e anticrime”, Moro terá o maior orçamento da pasta nesta década. Serão R$ 4,798 bilhões em 2019, 47% a mais do que a dotação autorizada para este ano. Ao mesmo tempo, herdará um déficit de pessoal em órgãos como a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Moro deve começar a analisar a estrutura do ministério assim que a equipe de transição começar a repassar os dados. O juiz enviou mensagem de despedida aos demais magistrados nesta segunda-feira (5). Moro enviou também nesta segunda documento ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) informando que pedirá sua exoneração em janeiro, antes da posse. O magistrado comunicou ainda que tiraria férias acumuladas e que usaria esse período para iniciar os preparativos da transição de governo.

Nesta terça-feira (6), o futuro ministro da Justiça concede a primeira entrevista coletiva à imprensa para falar dos seus planos à frente da pasta.

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