A força-tarefa Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná denunciou, nesta segunda-feira, 28, Célio da Rocha Mattos Neto por suposta participação em organização criminosa, operação de instituição financeira irregular, gestão fraudulenta e evasão de divisas. As informações foram divulgadas pela força-tarefa da Lava Jato.

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As investigações apontaram que Rocha Mattos era o gerente de transações internacionais do grupo comandado pela doleira Nelma Kodama. Ele teria sido um dos responsáveis pela simulação de importações para países como China, Israel, Hong Kong, Itália, Taiwan, Espanha, Reino Unido, Índia e Chile “para justificar a remessa de enorme quantidade de dinheiro ilegalmente ao exterior”.

Somente no período de janeiro de 2012 a março de 2014, a organização criminosa enviou US$ 60.096.211,28 para o exterior, por meio de 1.058 operações de câmbio envolvendo empresas e offshores de fachada.

“Nelma estabeleceu uma organização criminosa especializada em operar à margem do sistema financeiro oficial, com nítida divisão de tarefas”, sustenta a Procuradoria.

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Segundo a denúncia, “subordinados (de Nelma) diretos e indiretos eram responsáveis pela contabilidade, criação de empresas, realização de operações internacionais e serviam como ‘mulas’ de dinheiro em espécie”.

A Procuradoria destaca que outros subordinados da doleira, como Iara Galdino da Silva, Luccas Pace Junior, Cleverson Coelho de Oliveira, Juliana Cordeiro de Moura e Rinaldo Gonçalves de Carvalho já foram processados e condenados nos autos n° 5026243-05.2014.404.7000.

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Agora o gerente de transações internacionais do grupo criminoso é o alvo de denúncia.

Várias correspondências trocadas entre Rocha Mattos, clientes e outros integrantes da organização criminosa “indicam uma participação ativa do denunciado no gerenciamento desses valores ilícitos e nas operações de ‘dólar cabo’ feitos pela organização”.

Além do pedido de condenação à pena de prisão, o Ministério Público Federal pleiteia reparação de danos no valor de US$ 3.004.810,56, equivalente a 5% do valor total evadido.

“Essa denúncia é mais um esforço das autoridades públicas contra crimes que maculam o sistema financeiro e escondem dinheiro oriundo de diversos crimes, como o de corrupção”, afirma o procurador da República Julio Noronha, membro da força-tarefa Lava Jato no Paraná.

Início da Lava Jato

Essa denúncia remete ao início da operação, quando, em 2013, investigações começam a monitorar as conversas do doleiro Carlos Habib Chater, ligado ao doleiro Alberto Youssef, investigado e processado por crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro no caso Banestado.

Por meio de grampos telefônicos, foram identificadas quatro organizações criminosas que se relacionavam entre si, todas lideradas por doleiros.

A primeira era chefiada por Chater (cuja investigação ficou conhecida como “Operação Lava Jato”, nome que agora é usado para se referir a todos os casos); a segunda, por Nelma Kodama (cuja investigação foi chamada “Operação Dolce Vita”); a terceira, por Youssef (cuja apuração foi nomeada “Operação Bidone”); e a quarta, por Raul Srour (cuja investigação foi denominada “Operação Casa Blanca”).

Em 17 de março de 2014, foi deflagrada a primeira fase ostensiva da Lava Jato.

Defesa

A reportagem busca contato com a defesa de Célio da Rocha Mattos Netto, mas ainda não obteve retorno.