O escândalo de corrupção na Petrobras foi aberto em 2014 como um processo de relativo impacto, até alcançar seu ponto mais alto na sexta-feira (4), com a busca no apartamento do expresidente Luiz Inácio Lula da Silva, um fato destinado a repercutir no governo de sua correligionária, a mandatária Dilma Rousseff.
A cargo do juiz federal de primeira instância Sergio Moro, a operação batizada de “Lava Jato” começou com as averiguações sobre o cartel formado por grandes construtoras privadas para ganhar licitações na Petrobras. Vale recordar que a estatal petrolífera ampliou consideravelmente seus investimentos a partir do descobrimento de grandes poços em águas ultraprofundas ou na zona do pré-sal para a construção de navios, sondas e equipamentos.
Moro e o grupo de trabalho da Lava Jato, que já está na 24.ª fase de buscas e apreensões, têm como referência o processo judicial italiano “Mãos Limpas”, iniciado no começo dos anos 1990 por Antonio Di Pietro e outros promotores de Milão. Um ensaio escrito anos atrás por Moro elogia a eficácia de alguns aspectos da “Mãos Limpas”, como a delação premiada para desmontar a cadeia de cumplicidades na Itália, levados nos últimos meses para o “Petrolão”.
A operação italiana atingiu os mais altos níveis políticos, econômicos e institucionais do país e provocou o desaparecimento ou redimensionamento dos principais partidos da época, como a Democracia Cristã e o Partido Socialista Italiano, fundando a Segunda República. Ao todo, os promotores milaneses obtiveram 1,2 mil condenações por corrupção e crimes correlatos e provocaram um terremoto na Itália.