Lacerda quer ‘padrão de iniciativa privada’ no Incra

A presidente Dilma Rousseff orientou o novo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lacerda, a mudar a gestão da autarquia, com ênfase para resultados e menos burocracia. Isso ficou claro no discurso de posse de Lacerda, hoje, em Brasília.

“No governo Lula, começamos a melhorar”, disse Lacerda. “No governo Dilma, vamos qualificar a gestão do Incra, nos padrões da iniciativa privada, com gastos cada vez menores e produtividade cada vez maior”. Ele afirmou que recebeu a determinação da presidente quando foi convidado a assumir a presidência do Incra.

Indicado para o cargo pela senadora Gleise Hoffmann (PT-PR) e pelo deputado Doutor Rosinha (PT-PR), Lacerda não é funcionário de carreira do Incra. Milita no PT desde 1994 mas, ao contrário do que circulou nos corredores da instituição, não pertence à corrente esquerdista Democracia Socialista (DS), à qual estão ligados o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, e o deputado Rosinha.

O próprio Afonso Florence não parece estar disposto a adotar um discurso radical em defesa da reforma agrária, como defende a corrente à qual é ligado. Indagado sobre sua posição a respeito da atualização dos índices de produtividade das propriedades – o que é defendido pela esquerda e repudiado pelo agronegócio, que vê nessa iniciativa uma forma de abrir o leque para desapropriações de terras produtivas -, Florence foi esquivo.

“A presidente Dilma determinou que a Embrapa faça esse índice. E a Embrapa é subordinada ao Ministério da Agricultura e não ao MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário). Portanto, não cabe a mim ficar falando qual deve ser o índice. Eu sou um funcionário do governo e devo obediência ao que a presidente determinar. Cumpro o que o governo decidir”, disse Florence, logo depois da cerimônia de posse de Celso Lacerda.

No discurso que fez, além de dizer que o Incra precisará ter uma gestão semelhante à da iniciativa privada, Lacerda afirmou que vai cumprir todas as diretrizes determinadas pela presidente Dilma Rousseff. Por exemplo: não apresentar metas de assentamento que não possam ser cumpridas. “Não queremos nada inalcançável”.

Ele afirmou que será preciso levar a tecnologia para os assentamentos, abrir estradas, fazer milhares de casas para os assentados. “Isso nos ajudará a fazer mais com menos”, disse. Lacerda considerou que com os R$ 4 bilhões de orçamento para este ano, será possível cumprir todas as metas estabelecidas pela presidente, mesmo sabendo que deverão ocorrer cortes entre 17% e 20% nos recursos.

Mesmo com todo discurso dos dirigentes do MDA e do Incra a respeito das ordens da presidente Dilma para que seja mudada a gestão da autarquia, este é um dos mais importantes feudos do PT. Das 30 superintendências no País, 26 são dominadas pelo partido.

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