Ao tomar posse nesta segunda-feira, 5, a nova ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB) prometeu que nenhuma empresa terá privilégios em sua gestão à frente da pasta.

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Ela disse ainda ter recebido da presidente Dilma Rousseff metas prioritárias como criar “programas inovadores” e “ampliar a classe média rural brasileira”. “A presidenta Dilma me pediu obstinação nesta tarefa”, disse.

A ministra afirmou que, diante do pedido, a Agricultura irá “estabelecer dobrar a classe média rural em quatro anos”. Nas contas de Kátia Abreu, essa fatia do campo é formada por 800 mil produtores da classe C. Ela apontou que cerca de 70% dos cerca de 5 milhões de produtores do País estão nas classes D e E, grupos que serão alvos do ministério. “Para que isso aconteça (dobrar classe média rural), levaremos assistência técnica para o produtor rural”, afirmou.

Ela destacou o papel que a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) terá na sua gestão para promover uma “revolução do conhecimento no campo”. “Iremos de porteira em porteira para encontrar essas pessoas”, disse.

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No começo do mês, um dos sócios do frigorífico JSB, o empresário Joesley Batista, esteve no Palácio do Planalto e pediu ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para que a presidente Dilma Rousseff revisse a indicação da senadora à pasta da Agricultura.

À época presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu disse que “não via” a resistência da JBS à sua indicação.

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“Nunca conversei com eles sobre isso. O que eu leio é o que vocês estão vendo na imprensa. Sinto muito se for verdade, mas não vejo motivos para isso”, disse. Sobre o convite, a senadora desconversou. Sorrindo, afirmou tratar-se de “especulação” e que “não trabalha sobre hipóteses”. Ela destacou seu trabalho no Senado e na CNA como ações para valorizar o produtor rural e não favorecer interesses de grandes empresas.

Kátia Abreu tem sido crítica à JBS desde que a empresa iniciou a campanha da marca Friboi como sinônimo de qualidade da carne. Ela chegou a utilizar a tribuna do Senado para criticar a empresa. “A intenção em todos os momentos da minha vida e da minha luta é ter espírito público e trabalhar para o Brasil e não para corporações específicas”, afirmou, ao ser questionada sobre a resistência do JBS ao seu nome para Agricultura.

Abreu aproveitou a solenidade de transmissão de cargo para agradecer a presidente Dilma Rousseff pela oportunidade de chefiar a pasta. “A presidenta Dilma tem sensibilidade e pragmatismo para resolver problemas do setor”, disse. Kátia disse que descobriu as qualidades da comandante do Palácio do Planalto “poucas horas” depois de assumir a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), onde chegou como presidente em 2008. Apesar do talento da presidente Dilma para o agronegócio, a maior parte do setor não a apoiou a campanha de reeleição, preferindo os candidatos de oposição Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB).

Desburocratização

Não à toa, a nova ministra reconheceu que faltam políticas de apoio a um dos setores mais críticos ao governo da petista: o segmento sucroalcooleiro, produtor de etanol e açúcar. Kátia listou o setor como uma áreas terão mais atenção do ministério, assim como a ampliação do registro de defensivos agrícolas e a adaptação de recursos do governo na produção do Norte e Nordeste.

A ministra aproveitou o discurso também para lançar as palavras de ordem de seu ministério. “Desburocratização, modernização, eficiência e transparência serão nosso lema”, sugeriu.