O presidente da Assembleia Legislativa, Nelson Justus (DEM), anunciou ontem os novos diretores geral e administrativo da Casa. O advogado Heron Abboud será o diretor-geral e o atual tesoureiro da Assembleia, Wilians Rolando Romanzini, assume a diretoria-administrativa. Abboud substitui Abib Miguel, o Bibinho, que se afastou do cargo, na semana passada, após ser acusado de comandar um esquema de apropriação de recursos públicos em uma série de reportagens da Gazeta do Povo e TV Paranaense (Rede Paranaense de Comunicação-RPC).
As mudanças foram discutidas durante reunião da mesa executiva ontem pela manhã. Abboud é funcionário da Procuradoria da Casa há dez anos. “Nós (mesa executiva) entendemos que precisávamos de alguém que já tenha familiaridade com a Casa, que possa se mexer”, justificou Justus. Romanzini entra no lugar de José Ary Nassif, apontado nas reportagens da RPC como sócio de Abib em uma empresa. Justus disse que Nassif pediu para sair e que o cargo será acumulado pelo atual tesoureiro já que são áreas afins. “É comum ter um mesmo titular na diretoria administrativo-financeira”, disse.
Os integrantes da Comissão de Sindicância ainda não foram definidos. A criação da comissão foi anunciada na semana passada, após a publicação das primeiras reportagens apontando a existência de diários oficiais numerados, de servidores que ganham acima do teto constitucional no Estado, R$ 20 mil, e de pessoas nomeadas para cargos comissionados que nunca foram à Assembleia Legislativa.
Na tarde de ontem, antes do início da sessão plenária, cerca de 50 estudantes ligados à União Paranaense dos Estudantes (UPE) e União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes) tomaram a frente da Assembleia para protestar contra os escândalos de atos secretos e contratação de funcionários fantasmas. Num protesto bem-humorado, ao som da trilha sonora do filme “Caça Fantasmas”, os estudantes se fantasiaram de fantasmas e queimaram uma caixa-preta no portão do prédio do Legislativo.
“É um primeiro movimento, um ato pacífico contra a impunidade. Vamos continuar nos reunindo e fazendo manifestações até que os responsáveis sejam punidos”, disse o secretário-geral da UPE, Camilo Vanni. “Queremos a Polícia Federal no caso, para evitar que as autoridades paranaense abafem o caso”, emendou o presidente da UPE, Paulo Moreira Júnior, que defende, também, a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias dentro da Assembleia. “Nossa maior decepção é que nenhum dos 54 deputados veio a público se manifestar sobre a abertura de uma CPI”, disse.