Orlando Bonilha, Renato Araújo, Osvaldo Bergamin e Flávio Vedoato, acusados de corrupção, deixaram o legislativo por ordem judicial. (Fotos: Cleber Rocha/CML)
O juiz da 4.ª Vara Cível de Londrina concedeu liminar à ação proposta pelo Ministério Público do Estado (MP), e determinou o afastamento temporário dos quatro vereadores acusados de formação de quadrilha e concussão (extorsão cometida por agente público) de suas atividades parlamentares até a conclusão das investigações.
O pedido de afastamento foi feito quinta-feira pelo MP em ação civil pública por improbidade administrativa protocolada contra os vereadores Orlando Bonilha (PR), Flávio Vedoato (PSC), Renato Araújo (PP) e Osvaldo Bergamin (PMDB), acusados de, ao lado do ex-vereador Henrique Barros (que renunciou para evitar processo de cassação), extorquir empresários da região em troca de aprovação de projetos na Câmara Municipal. Apesar do afastamento, os vereadores continuarão recebendo seus salários.
Henrique Barros foi preso em flagrante em janeiro deste ano, após receber R$ 10 mil de um empresário. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado já vinha investigando o ex-vereador e apurou o envolvimento dos outros quatro parlamentares no esquema. Henrique Barros está aguardando o julgamento em liberdade, por força de um habeas corpus.
A Comissão de Ética da Câmara Municipal analisou as denúncias e decidiu, com as provas que dispunha, abrir processo de cassação contra Barros (que renunciou antes) e Bonilha. A Comissão Processante de Bonilha foi aberta quinta-feira. Bonilha foi preso na tarde de quinta-feira por outra denúncia do MP, a de que cobrava para si parte dos salários de seus assessores na Câmara. Seu advogado já apresentou pedido de liberdade provisória, que deverá ser analisado segunda-feira.
Para o presidente da Comissão de Ética da Casa, Roberto Kanashiro (PSDB), a Câmara reuniu indícios suficientes para propor a cassação de Bonilha. ?Agora, a comissão processante terá os meios adequados para fazer um trabalho ainda mais profundo e determinar se o caso merece ou não cassação?, disse o vereador, que também fará parte desta comissão.
Sobre o afastamento dos vereadores, Kanashiro disse que a Câmara terá de avaliar a necessidade de se convocar os suplentes, para dar seqüência aos trabalhos do legislativo. ?A Casa não pode parar enquanto se investiga esse caso. E, com quatro vereadores a menos, fica difícil se votar as matérias importantes para a cidade?.
Se pode-se tirar algo de bom do escândalo na Câmara de Londrina, Kanashiro destacou a mobilização da sociedade. ?Desde que estourou esse caso, a sociedade se indignou. Há vários movimentos cobrando a punição dos responsáveis e nosso trabalho está sendo acompanhado de perto pelos londrinenses, fato que há muito não se via?, destacou. Hoje, representantes de várias entidades do município realizam, no centro da cidade, mais uma manifestação do movimento ?Cana Neles?, que cobra justamente a punição dos vereadores envolvidos no caso. Além de protestarem com faixas e abaixo-assinados, os manifestantes pretendem explicar de maneira simplificada à população o que, de fato, gerou o escândalo.
TRE já cassou 8 vereadores
O Tribunal Regional Eleitoral divulgou ontem balanço em que revela o
julgamento de 86 processos de infidelidade partidária, que resultaram
na cassação de oito vereadores. A maioria dos processo, 74, foi extinta
sem julgamento do mérito. Até agora foram cassados Antonio Loir
Esconinsk e Antonio de Jesus Nenemann, de Quitandinha; João Jorge
Marques, de Mandaguari; José Aparecido da Silva, de Conselheiro
Mairinck; Ivan Rubens Spengler, de Pinhão; Dilson Delavy Moraes, de
Espigão Alto do Iguaçu; Ademir Dahmer Belcuron, de São José das
Palmeiras, e Adriano Rodrigues Lopes, de Itambé.