Por três votos a dois, a Corte do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) decidiu ontem anular a aliança para a sucessão estadual entre o PMDB e o PSDB. A decisão, em primeira instância, afeta sobretudo o tempo de propaganda da candidatura à reeleição do governador Roberto Requião (PMDB)no horário eleitoral gratuito. Requião perde 1 minuto e 30 segundos na propaganda eleitoral, nas emissoras de rádio e televisão. Os 4 min 24 segundos garantidos com a aliança foram reduzidos para 2 minutos e 54 segundos.
Politicamente, os peemedebistas também calculam o prejuízo, se não conseguirem reverter a decisão no Tribunal Superior Eleitoral. O partido não lançou candidato ao Senado e terá que substituir o candidato a vice-governador, Hermas Brandão (PSDB). O nome mais cotado para ocupar a vaga é do atual vice-governador Orlando Pessuti.
O governador Roberto Requião estava em Laranjeiras do Sul quando foi informado do resultado do julgamento. Demonstrou tranqüilidade e afirmou que a posição da Justiça Eleitoral não abala sua campanha ?O PMDB vai à Justiça reverter a situação e irá conseguir. Os democratas do PSDB estão conosco?, reagiu o governador.
Já Brandão não quis comentar ontem a decisão da Justiça Eleitoral. ?Passarinho na muda não pia?, ainda brincou o presidente da Assembléia Legislativa. Ele afirmou que somente irá se manifestar sobre o assunto, hoje, depois que conversar com seus advogados.
O assessor jurídico do PMDB Guilherme Gonçalves explicou que o PMDB vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Após a publicação do acórdão, que deve ocorrer ainda hoje, Gonçalves terá um prazo de três dias para apresentar recurso. Ele entende que a decisão de ontem não tem efeito suspensivo sobre a aliança. ?A coligação continua enquanto não houver decisão final?, declarou, contrariando a orientação do TRE. Conforme a asssesoria da Justiça Eleitoral, a coligação está desfeita e somente uma decisão de instância superior poderá restabelecê-la.
Esperança
O candidato do PDT ao governo do Paraná, senador Osmar Dias, viu na decisão do TRE um impulso ao reforço da participação tucana na sua campanha eleitoral. Osmar disse ontem que, agora, os integrantes do PSDB que estavam hesitando em assumir o apoio à sua candidatura para não sofrerem represálias legais, poderão se juntar informalmente à sua campanha. ?Aqueles, que por uma questão de lealdade partidária estavam aguardando, podem nos apoiar abertamente agora?, comentou o senador.
Ele tem dois tucanos em postos chaves na sua estrutura de campanha. Um deles é o ex-deputado Euclides Scalco, que preside o conselho político da campanha. O outro é o coordenador-geral da campanha, Antonio Poloni. Para o senador, a declaração aberta de voto de alguns tucanos já vem sendo esperada há algum tempo. A manifestação do prefeito de Curitiba, Beto Richa, está entre as principais adesões esperadas por Osmar à sua campanha.
Julgamento
Como o desembargador José Antonio Vidal Coelho havia conduzido a primeira sessão da Corte, na segunda-feira, 8, ele não pode votar. Os juízes José Carlos Dalacqua e Renato Braga Bettega seguiram o voto do relator do processo, juiz João Pedro Gebran Neto, que foi contrário à coligação por entender que o diretório estadual deve submissão aos órgãos superiores do partido.
E o juiz Munir Abagge, que havia pedido anteontem vistas ao relatório, proferiu decisão favorável à aliança entre os partidos. O voto do juiz Renato Andrade seguiu os argumentos de Abagge. Para Andrade, a convenção tomou uma decisão democrática, que foi esmagada pela resolução de Jereissati.