A Justiça Federal mandou devolver à Construtora OAS uma pasta de arquivo intitulada “Eleições 2008”, apreendida na sede da empresa. O documento contém nomes de políticos contemplados com doações de campanha. O Ministério Público Federal (MPF) suspeita que os repasses teriam abastecido caixa 2 de parlamentares e candidatos a prefeito. As anotações indicam que um ex-prefeito pediu R$ 300 mil à empreiteira.

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A Justiça proibiu que a Procuradoria da República faça cópia. A ordem provocou reação do procurador Matheus Baraldi Magnani, que conduz investigação sobre suposta fraude à lei de licitações, superfaturamento e desvio de R$ 30 milhões nas obras do complexo viário Rio Baquirivu, em Guarulhos, na Grande São Paulo, sob responsabilidade da OAS. O procurador vê elo entre a contratação da empreiteira e a pasta de doações.

O empreendimento, contratado há 10 anos, não foi concluído. O inquérito aponta para cinco servidores, um dirigente da OAS e dois ex-prefeitos da cidade, Jovino Cândido (PV) e Elói Pietá (PT). Todos, segundo o procurador, “sob investigação”. “A pasta pode conter prova de crime”, alerta Magnani. “São documentos que, em tese, comprovam a prática de doação em dinheiro, pela OAS, à campanha eleitoral de vários políticos, entre eles Jovino Cândido, que deu início à execução da obra cuja licitação o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que foi premeditadamente fraudada.”

“Pedir (dinheiro) eu pedi à OAS, não tem problema”, declarou Jovino Cândido, ex-prefeito. Em sua gestão, a OAS foi contratada. “Eles (OAS) nos ajudaram em todas as eleições. Eu vou continuar pedindo. Está tudo declarado à Justiça Eleitoral. Se cometemos alguma ilegalidade, que paguemos pelo crime cometido.”

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Pietá disse que “todas as doações que recebeu são legais”. Ele negou com veemência irregularidades na obra durante seu governo. “Não pagamos o que a OAS queria. Quanto às doações, qual o problema? Ou muda a legislação ou acaba com esse cinismo.” A OAS e o Tribunal Regional Federal (TRF) não se manifestaram.