Justiça impede mais prisões no escândalo do porto

O delegado da polícia federal de Paranaguá, Jorge Nazário, responsável pela operação Dallas, que cumpriu 10 mandados de prisão por desvio de carga e fraudes em contratações e licitações no Porto de Paranaguá, confirmou, ontem, que a Polícia Federal havia pedido mais mandados de prisão para Justiça, mas só teve autorização judicial para 10 prisões.

O delegado não disse se entre as outras prisões solicitadas estariam a do ex-superintendente do porto, Eduardo Requião, ou do ex-secretário especial de governo, Luiz Mussi (eleito suplente de Roberto Requião para o Senado).

“Foram pedidas outras prisões sim, mas não foram autorizadas. Agora, cumpridos os 10 mandados que conseguimos, vamos prosseguir com os depoimentos a análise de provas para, se preciso, investigarmos mais pessoas”, disse o delegado, sem antecipar nomes ou, sequer, números.

Nazário confirmou, também, que parte do dinheiro adquirido pela quadrilha nas operações irregulares no porto foi destinada a campanhas políticas. Como nenhum político está entre os 10 presos, a investigação ainda pode respingar em candidatos da eleição de 2010.

Apesar de não terem sido alvo de mandado de prisão, Eduardo Requião e Luiz Mussi tiveram suas residências revistadas pela PF e documentos e computadores apreendidos em cumprimento a mandado de busca e apreensão.

Ontem, os dois acusados que não foram localizados pela Polícia Federal se apresentaram e foram encaminhados para a sede da PF, em Curitiba. Eles atuavam na Companhia Brasileira de Logística, mas somente o nome de Fabrício Fumagalli foi divulgado.

“Agora entramos na fase de apuração das provas”, explicou o delegado da Polícia Federal. As provas foram angariadas durante a operação que ocorreu no Paraná, em Santa Catarina e no Rio de Janeiro, em vários locais: desde residências de acusados, até as dependências do Porto de Paranaguá. Ao todo foram cumpridos 29 mandados de busca e apreensão.

O ex-superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio de Oliveira de Souza, deve ser interrogado hoje, no Estado do Rio de Janeiro.

Ele foi preso na última quarta-feira, sob a acusação de fraudes na contratação de empresas que prestariam serviços de limpeza e de meio ambiente para a Appa e de cobrança de propina na licitação para a compra de uma draga para o Porto de Paranaguá. A oitiva deveria ter acontecido ontem, mas não ocorreu em função do feriado na cidade (no Rio, ontem, foi dia de São Sebastião).

Eduardo Requião continua em “Lins”: Lugar incerto e não sabido

O ex-superintendente do porto de Paranaguá, Eduardo Requião não foi localizado para comentar a operação. A informação é que ele estaria fora do País. Quem saiu em defesa de Eduardo, ontem, foi seu irmão, ex-governador Roberto Requião (PMDB) que negou qualquer envolvimento de Eduardo no esquema e disse que o ex-superintendente foi quem denunciou o desvio de cargas no porto. Pelo twitter, Requião culpou a tentativa de privatizar o porto por parte dos escândalos.

“O setor privado impede o porto de comprar draga. Os desvios de soja foram denunciados pelo Eduardo.Continuamos na luta”, disse. “Não perdoo nem o pecador nem o pecado, confio no meu irmão. Dentro da lei tudo deve ser apurado. Já fizeram busca e apreensão na casa do irmão do Lula. Depois pediram desculpas”, continuou.

A operação Dallas teve quatro focos. O primeiro foi investigar a denúncia de desvio de cargas de grãos no porto. Estima-se que cerca de dez mil toneladas eram desviadas, por safra, pela suposta quadrilha.

O segundo momento da operação deu conta das fraudes na contrataç&ati,lde;o da empresa que adquiriria a draga para a dragagem no Canal da Galheta. Suspeita-se que a quadrilha teria direcionado a contratação de uma determinada empresa para se beneficiar com propina.

O terceiro foco da operação Dallas foi a suspeita de contratação irregular de empresas que fazem estudos ambientais. O quarto objetivo é investigar a contratação irregular de uma empresa que fazia limpeza no porto (esta estaria no nome de Souza).

Além de Souza, também foi detido o inspetor-corregedor do Tribunal de Contas do Estado, Agileu Bittencourt. Em relação ao desvio de cargas, a PF investiga algumas hipóteses que teriam contribuído, como por exemplo a adulteração das balanças (a quadrilha estaria desviando a chamada retenção técnica, que é a sobra enviada pelas transportadoras para cobrir eventuais quebras).

Com a adulteração, os envolvidos informariam as transportadoras que não sobrava nada e, assim, faziam o desvio da carga e a vendiam paralelamente. Outra hipótese que será investigada é a de que a carga poderia ser desviada também pela esteira de nome Dallas (daí o nome da operação).

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