Justiça Federal condena ex-diretores do Banestado

A Justiça Federal de Curitiba condenou ontem os ex-diretores da Banestado Leasing, Luiz Antonio Eugenio de Lima e José Edson Carneiro de Souza, a oito anos e 11 meses de prisão em regime fechado, por crimes de corrupção passiva e gestão temerária. Na sentença proferida pelo juiz da 3.ª Vara Criminal de Curitiba, Nivaldo Brunoni, foi determinada também a cobrança de multa aos dois ex-diretores, porém o valor ainda não foi contabilizado pela Justiça. Além dos dois ex-diretores, a decisão atinge ainda sete empresários que tinham negócios com o banco. Os réus vão recorrer em liberdade da decisão, no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região.

De acordo com a Justiça Federal, os ex-diretores responderam a processo criminal porque autorizaram várias operações de crédito entre 1995 e 1996 a empresas que se encontravam com dificuldades financeiras e com restrições cadastrais. A Justiça Federal divulgou que os sócios-gerentes das empresas Cristo Rei Agência de Viagens e Turismo Ltda (Cristur – pertencente ao grupo Cristo Rei), Industrias Trevo Ltda., Unida Artes Gráficas e Editora Ltda., Wiegando Olsen S.A., Olsen Veículos Ltda., Indústrias Bonet S.A. e Indústria Gráfica e Editora Serena Ltda. contrataram o empresário Euzir Baggio para que intermediasse a liberação dos recursos com a diretoria da Banestado Leasing.

A Justiça afirma que Baggio teria recebido das empresas 5% dos valores liberados. Ele teria subornado os ex-diretores da Banestado Leasing, diz a Justiça Federal, pagando a eles parte dos valores que recebia das empresas, por meio de depósitos em conta corrente. Baggio também foi condenado a oito anos e 11 meses de prisão e ao pagamento de multa, pelos crimes de corrupção ativa e gestão temerária.

Conforme a decisão da 3.ª Vara Criminal de Curitiba, ?ao autorizar as operações sem qualquer fundamentação e relegando inúmeros aspectos negativos e até mesmo impeditivos, (os ex-diretores) submeteram a instituição financeira a uma situação de risco extraordinário e absolutamente desnecessário?. A Justiça Federal divulgou nota dizendo que Lima e Baggio tinham uma ?íntima relação de amizade, o que possibilitava que este tivesse ?trânsito? junto ao Comitê de Crédito que aprovava na época as operações?.

Segundo a Justiça Federal, o suborno dos ex-diretores da Banestado Leasing ficou evidente por causa dos valores que foram movimentados nas contas deles e de suas esposas. Os recursos foram detectados mediante a quebra de sigilo determinada pela Justiça.

De acordo com a Justiça Federal, os empresários que conseguiram a liberação dos recursos também foram condenados a sete anos de reclusão em regime inicial semi-aberto e ao pagamento de multa, que ainda será contabilizada pela Justiça, pois é preciso analisar o salário mínimo da época. Os sócios das empresas Hilton Chipon, Jacob Abrahams, Maria Emilia Moreno Guimarães, Marcos José Olsen, Cézar Antônio Bonet e Dionísio Serena Junior foram sentenciados por prática dos crimes de corrupção ativa e gestão temerária.

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