O TRE/PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná) concluiu ontem os preparativos para a maior eleição da história do Estado, na qual votarão 6.663.384 pessoas.
Enquanto muitos lembram da eleição apenas na hora do voto, um grupo de pessoas já está engajada na organização e preparação da eleição desde ontem. Era 7h e os motoristas dos Correios se agrupavam na sede do Tribunal Regional Eleitoral(TRE) em Curitiba. A missão: levar com segurança as 3.083 urnas da capital aos locais de votação, para que as pessoas possam eleger neste domingo o presidente da República, governador do Estado, dois senadores, um deputado federal e um deputado estadual. Conforme o chefe do setor de transporte dos Correios do Paraná, Nilton Luiz Ferraro, os 44 veículos utilizados deveriam entregar todas as urnas impreterivelmente até as 9h.
A reportagem de O Estado acompanhou uma das rotas, que passou por sete colégios na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), Sabará e Barigüi II. O motorista Valdemir “Galileu” Vieira da Rosa contou que é a quarta eleição que faz esse serviço. Ele disse que no momento recolher as urnas também estará presente. “Fico contente em trabalhar aqui. Se me colocaram para fazer algo de tanta responsabilidade é por que confiam em mim”, afirmou.
Os locais onde ele entregou as urnas foram o Colégio Estadual Ivo Leão, Escola Municipal Pró-Morar Barigüi, Escola Municipal Mansur Guerios, Escola Municipal Sidonio Muralah, Centro de Educação Integral Olívio Soares Saboia , Escola Municipal São Miguel e Escola Municipal Dom Bosco. O secretário de prédio desse colégio é o assistente administrativo Jair José do Nascimento, ele estava aguardando as sete urnas de sua escola desde as 6h30. “Ser secretário de prédio é uma grande responsabilidade. Vou procurar agir com tranqüilidade e imparcialidade para desenvolver bem meu serviço”, afirmou o funcionário, que acabou confidenciando que não gosta da maneira como são selecionadas as pessoas para trabalhar nas eleições, ou seja, por intimação.
Confirmando
Vários grupos de funcionários do próprio Tribunal Regional Eleitoral (TRE) se distribuíram em todos os locais de votação ontem para fazer a checagem final e verificar se existem condições para que o processo de votação seja desenvolvido normalmente em todos os locais de votação de Curitiba “Nossa obrigação é ver se está tudo certo. Uma olhadela final. Além disso, trazemos os vales-transporte e refeição que serão entregues aos mesários amanhã (hoje)”, explicou sua função o roteirista do TRE, Rory Cordeiro Silva.
Técnico adverte para erros
Lawrence Manoel
A seqüência utilizada nas urnas eletrônicas pode provocar um desvio de intenção do eleitor, ocasionado erros na hora do voto. Desde de 1998 pesquisando a utilização da urna eletrônica, o engenheiro analista de sistemas, Luiz Carlos Carmona, desenvolveu um estudo apontando equívocos que são ocasionados pela programação da urna e alertando o eleitor para que fique sempre atento aos detalhes. Segundo ele, nas eleições de 98, 4% dos deputados federais e 5% dos estaduais eleitos em todo País só alcançaram o mandato graças às situações provocadas pela urna. Em 2000, 6% dos vereadores e 98 prefeitos também foram beneficiados devido ao problema.
Carmona disse que a ordem de votos (deputado federal, deputado estadual, senador 1, senador 2, governador e presidente) é a principal causadora dos erros. Ele explicou que a seqüência não é hierárquica nem do maior para o menor , nem do menor para o maior . “As pessoas estão acostumadas a pensar em votar pela ordem de importância. Então quando a tela pedir o voto de deputado federal, muitos vão apertar o número do presidente. E assim por diante, cometendo uma série de equívocos, que pode culminar em votos para candidato errado ou anulação de voto”, apontou Carmona, destacando que muitas pessoas não interagem com a urna, apenas chegam próximo a ela e começam a teclar os números. Ele destacou que segundo suas pesquisas, 15% do eleitorado erra ao não interagir com a urna na hora de votar.
Carmona explicou que na eleição ao senado, candidatos podem sair muito prejudicados devido à forma de votação. Diferente dos outros votos, quando após aparecer a imagem do candidato e apertada a tecla confirma, a imagem desaparece e já é solicitado o outro voto, na de senador, a imagem do primeiro senador votado continua na tela, apenas aparecendo um mensagem em letra pequena dizendo que o voto foi confirmado. “Os menos atentos vão tentar confirmar novamente para tirar a imagem da tela. Não conseguindo, vão digitar outra vez o número de sua primeira intenção de voto para o senado. Com isso acabarão anulando o voto”, explicou. Carmona destacou que se um candidato for apontado como segunda intenção de votos por um grande número de pessoas, pode acabar tendo votos anulados, favorecendo uma terceira força, que não teria seu nome vinculado a um outro primeiro nome. “São candidatos João, Pedro e José. Muitos querem votar no João e têm o Pedro como segunda opção. Se eles anularem o segundo voto, abrirão espaço para aqueles que têm o José como primeira opção. Isso pode ocasionar distorções no que apontam as pesquisas”, explicou. trabalho completo de Carmona pode ser lido no site www.histel.com.br
Lei prevê punição ao eleitor que se ausentar
Fabiane Prohmann
O eleitor que não puder votar no dia 6 de outubro terá que justificar seu voto. Desde segunda-feira o Tribunal Superior Eleitoral já está fazendo a distribuição dos formulários para justificativa. Os protocolos estão sendo entregues em todos os cartórios eleitorais do País.
A justificativa do voto pode ser feita no dia da eleição ou até sessenta dias depois, em seu domicílio eleitoral. Quem estiver doente ou fora da cidade onde vota, basta comparecer em qualquer seção eleitoral, onde haverá uma mesa só para receber justificativas. O eleitor deverá levar o ?requerimento de justificativa eleitoral? preenchido. O requerimento está disponível gratuitamente nos cartórios eleitorais e também nas seções, no dia da eleição.
O eleitor que não votar e nem justificar estará cometendo um crime, passível de multa a ser definida pelo juiz eleitoral. Além disso ele ficará impossibilitado de realizar empréstimo bancário em instituições do governo, e não poderá participar de concursos públicos.
Em viagem
Os eleitores que estiverem fora do País no dia da eleição têm até trinta dias depois da data de retorno ao Brasil para justificar. Para isso será necessário apresentar o passaporte, comprovando a viagem. Quem vive no exterior e fez a transferência do título para o primeiro cartório eleitoral em Brasília, pode votar nas embaixadas ou consulados, mas somente para presidente.
Quem não votou na última eleição pode votar normalmente este ano. O título só é cancelado se o eleitor deixar de justificar a ausência por três eleições seguidas. Além disso, quem não votar no primeiro turno pode votar no segundo, desde que tenha justificado.
Votação
O voto só é facultativo para analfabetos, jovens entre 16 a 18 anos incompletos, que não tiverem feito seu título, e pessoas com mais de setenta anos. A votação estará sendo realizada entre às 8h até às 17h. Quem ainda estiver na fila depois desse horário receberá uma senha para votar.
No dia da eleição o eleitor poderá votar usando camiseta do candidato, boné e botons. No entanto é proibido fazer qualquer tipo de manifestação a favor de um candidato, assim como distribuir propaganda.
Esta será a maior eleição da história da República. Por isso o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) recomenda que todos os eleitores levem sua ?colinha?, com o número dos candidatos anotados, para não correr o riso de esquecer um dos seis candidatos. A ordem para votação é primeiro deputado federal, depois estadual, em seguida senador um e senador dois, e por último governador e presidente. Ao todo, o eleitor terá que digitar 19 números, além de seis “confirma” – uma confirmação a cada escolha – totalizando 25 toques nas teclas da urna eletrônica.