A ida de um oficial de Justiça ontem à sede do diretório estadual do PMDB alimentou o confronto entre o governo do Estado e a prefeitura de Curitiba. O novo atrito foi desencadeado pela decisão do juiz da 12.ª Vara Cível Humberto Gonçalves Brito, que determinou a busca e apreensão dos panfletos com a nota oficial do PMDB, distribuídos em Curitiba, contendo críticas ao prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB) e se solidarizando com o governador Roberto Requião (PMDB). O juiz atendeu a uma ação proposta pelo prefeito, que se sentiu ofendido com o texto, assinado pelo presidente do PMDB de Curitiba, Doático Santos.
Na hora em que o oficial de Justiça chegou à sede do PMDB em Curitiba, o presidente municipal do partido ameaçou chamar a polícia. Doático disse que, ao invés de cumprir a ordem judicial, o que houve foi um ato de invasão às instalações do partido, com intimidação dos funcionários. ?O oficial de Justiça veio aqui acompanhado de jagunços do prefeito. Isso é inadmissível?, disse o dirigente peemedebista.
A medida cautelar de busca e apreensão requerida pelo prefeito foi dirigida aos diretórios municipal e estadual do PMDB e a Doático Santos. O juiz deferiu o pedido e, no despacho, além da apreensão do material, que estaria armazenado na sede do partido, ordenou também a suspensão da distribuição do material. O juiz entendeu que as expressões usadas no texto atingiram a integridade moral do prefeito. Segundo o despacho, o cidadão e os partidos têm o direito de questionar o administrador público, mas é inadmissível que se façam ataques à sua imagem pessoal. No texto, o presidente do PMDB, entre outras expressões, refere-se a Beto como ?prefeito preguiça?.
Na rua
A nota do PMDB começou a ser distribuída anteontem, durante a sessão de abertura do semestre na Assembléia Legislativa, da qual o prefeito participou. Ao ver o material, Beto reagiu à ação dos peemedebistas e atacou o presidente do PMDB de Curitiba. Chamou-o de ?cidadão desqualificado? e disse que não responderia a Doático. ?Não posso polemizar com ele. Tenho outro nível?, disse Beto.
Os atritos entre o presidente municipal do PMDB e o prefeito são anteriores ao episódio do início da semana, quando o governador Roberto Requião reapresentou uma denúncia envolvendo o irmão do prefeito, José Richa Filho, em uma suposta irregularidade no Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER), em 2002. As animosidades começaram quando o governador Roberto Requião nomeou Doático Santos como assessor especial para assuntos de Curitiba, dizendo que caberia ao peemedebista acompanhar todas as ações do prefeito.
Beto apoiou o senador Osmar Dias (PDT) nas eleições do ano passado para o governo durante o segundo turno da campanha, depois de permanecer neutro no primeiro turno. Para o prefeito, a indicação de Doático como seu interlocutor junto ao governo foi uma provocação de Requião. Até agora, Beto não reconhece a função de Doático, que já tentou ser recebido por ele algumas vezes.