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Carvalhinho faleceu
em outubro de 2003.

A 1.ª Vara Civel de Curitiba determinou o bloqueio dos bens do ex-presidente da Fiep (Federação das Indústrias do Paraná) José Carlos Gomes de Carvalho, do ex-superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Ubiratan de Lara, e do ex-supervisor administrativo do Citpar (Centro de Integração de Tecnologia do Paraná), André Luiz Sottomaior.

A Justiça atendeu a um pedido da atual direção do IEL, que acusa Carvalhinho (morto em setembro de 2003) e seus ex-auxiliares de serem os responsáveis por um desvio de R$32 milhões em recursos da entidade. Foram bloqueados imóveis, veículos, entre eles uma Ferrari, e ainda um iate, de um conjunto de bens pertencentes ao ex-presidente da Fiep e aos ex-diretores, avaliados em cerca de R$ 30 milhões. O IEL solicitou o bloqueio até o final das investigações para garantir o ressarcimento dos valores se os três forem considerados culpados pela Justiça.

A ação do IEL teve como base uma auditoria realizada pela direção que sucedeu Carvalhinho na Fiep. O IEL, que atua na capacitação de trabalhadores da indústria, e o Citpar, integram o Sistema Fiep, que foi dirigido por Carvalhinho durante oito anos.

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Em novembro do ano passado, o Ministério Público Estadual ajuizou uma ação que foi aceita pela 6.ª Vara Criminal de Curitiba contra os três dirigentes. A ação do MP também foi fundamentada na auditoria da Fiep, mas alcançou somente uma parte dos valores apontados na auditoria da nova direção da entidade. Na ação do MP, foram denunciadas irregularidades no valor de R$ 1,8 milhão, que tiveram comprovação documental no curso das investigações que ainda prosseguem. Conforme o MP, a parte comprovada corresponde a 10% do orçamento anual do IEL.

De acordo com a acusação do Ministério Público Estadual, a retirada dos recursos era feita por meio de solicitações feitas por Carvalhinho ao IEL, com a justificativa de que precisava financiar o que era denominado de "projetos especiais da presidência".

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Tradicionalmente, segundo o MP, os valores dos cheques liberados nunca ultrapassavam R$10 mil. Para que não saíssem do sistema da diretoria financeira do instituto, os cheques eram endossados em recibos pelo superintendente, que assim conseguia trocá-los direto em um posto da Caixa Econômica Federal na Fiep, conforme a denúncia do MP.

Duplicidade

Ainda de acordo com o MP, o dinheiro era entregue diretamente a Carvalhinho e as movimentações não seriam percebidas pelos órgãos de controle fiscal do sistema Fiep porque os recibos sobre os gastos no instituto indicavam financiamentos a projetos do Citpar. Segundo a denúncia, eram falsificadas faturas correspondentes a projetos ou cursos efetivamente existentes ou já realizados, "duplicando-os" mediante a sua impressão em folhas avulsas.

A Fiep contratou auditoria da empresa Trevisan, relativa ao período de janeiro a setembro de 2003, no último ano da gestão de José Carlos Gomes de Carvalho. Nos nove meses analisados pelos auditores, a maior parte das irregularidades foi constatada na liberação de recursos para bolsas de estudos, conforme informou a Fiep.