A formação para do conselho de sentença do Tribunal do Júri de Curitiba, que pode condenar ou absolver o ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho, começou. Os 25 jurados titulares e 25 reservas que estarão disponíveis para o todos os julgamentos de júri na capital por toda segunda quinzena de janeiro foram sorteados no começo da tarde desta segunda-feira (30). Sete deles serão sorteados no dia 21 de janeiro para serem os juízes do povo no caso. Carli Filho é acusado de ter matado dois jovens – Gilmar de Souza Yared e de Carlos Murilo de Almeida – em um acidente de trânsito em 2009, em Curitiba.
O sorteio foi rápido, feito de forma eletrônica e pública pelo sistema Projudi, da Justiça do Paraná. A abertura da sessão – realizada pelo juiz titular da 2ª Vara do Júri de Curitiba, Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, com a presença do juiz substituto da vara, Leonardo Bechara Stancioli, e do promotor Paulo Markowics de Lima – e o sorteio não duraram mais do que quinze minutos. A defesa do ex-parlamentar abriu mão de participar, assim como um representante da Ordem dos Advogados do Brasil, convidado. Os nomes dos jurados não são revelados e, assim que forem intimados a respeito, não poderão falar sobre nenhum caso que forem julgar.
Segundo Avelar, a próxima etapa é a comunicação dos jurados, que é feita por correio ou telefone. Ele lembrou ainda que outro passo do processo é a intimação de testemunhas, que já começou, além de juntadas de documentos, se necessária. Algumas delas moram em São Paulo. São seis testemunhas de acusação e seis para defesa. Só então, no dia 21 de janeiro, o julgamento pode começar.
A deputada federal, Christiane Yared, mãe de uma das vítimas, esteve presente no sorteio. “Acreditamos na Justiça. Vivo cada dia de cada vez. Quando chegar o dia 21 será um divisor de águas, importante para família, para o Paraná e para o Brasil. O país precisa entender que não se pode beber e dirigir”, disse.
Presença
O ex-deputado tem o direito de não comparecer ao próprio julgamento, conforme a lei permite. Segundo o assistente da acusação, Elias Mattar Assad, como ele tem o direito de ficar em silêncio, também pode não comparecer, já que está em liberdade. Além disso, se for condenado e sua defesa quiser interpor um recurso, poderá aguardar o resultado sem ser preso.
Defesa
O advogado de defesa do caso Roberto Brzezinski Neto, que trabalha no processo em Curitiba, foi procurado, mas ainda não retornou a ligação da reportagem. Outro corpo de defesa, do escritório do professor René Ariel Dotti, trabalha em um recurso no Supremo Tribunal de Justiça (STF). Em outra tentativa, no Superior Tribunal de Justiça (STJ), a defesa do ex-deputado argumentava que, apesar de a 1.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná ter declarado a nulidade do exame que mostra a concentração de álcool no sangue do ex-parlamentar [7,8 decigramas de álcool por litro de sangue], a informação não foi desentranhada da denúncia [oferecimento do Ministério Público à Justiça] e nem da pronúncia [decisão da Justiça que determinou o júri popular].
Sobre isso, Assad disse que Carli Filho confessou em depoimento no processo que bebeu vinho antes de dirigir. Portanto, a retirada ou não da forma solicitada pela defesa não faz mais sentido.