Junção da pasta de Relações Exteriores com MDIC é complicada, diz assessora

A assessora do Departamento de Negociações Internacionais, Ministério das Relações Exteriores, Paula Aguiar Barboza, disse nesta segunda-feira, 9, que a equipe da pasta está em “compasso de espera” para a nomeação de um eventual novo ministro, caso se confirme o impeachment e Michel Temer assuma a presidência. Na avaliação dela, uma união com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), como vem sendo ventilada, é “meio complicada”. “Não sabemos o que pode sair de nome para o MRE, mas sabemos que José Serra, por exemplo, é favorável a uma criação de parcerias estratégicas (STR) e de repente traria toda parte internacional do MDIC para o MRE, o que achamos meio complicado”, disse. Ela ressalva, no entanto, que tudo ainda é meio incipiente. “Vamos aguardar.”

Paula também informou que a troca de ofertas entre Mercosul e União Europeia para costurar um acordo comercial entre os dois blocos econômicos será realizada na próxima quarta-feira, 11.”Nós, do Mercosul, achamos que fizemos nossa lição de casa: não excluímos nenhum setor, com inserção de itens de bens, serviços e compras governamentais, além de automotivo.

Esperamos que os europeus apresentem sua lista, levando em conta os parâmetros das negociações de 2010, quando avançamos nas negociações de forma satisfatória”, disse.

Há 16 anos, os dois blocos ensaiam um acordo comercial. O governo espera um acesso ampliado do Mercosul na área agrícola, enquanto o bloco sul-americano aguarda uma maior exposição para bens industriais europeus. Entretanto, há resistências de setores agrícolas de alguns países da União Europeia contra os produtos do segmento do Mercosul. “Essa reação negativa do setor agrícola europeu já era esperada, porque o segmento lá está em crise”, disse.

Paula defendeu a perenidade do Mercosul. “Não dá para abandonar totalmente o Mercosul. Hoje ele é um programa político, de integração entre países, não mais comercial”, declarou, afirmando que um eventual novo governo precisa ter um quadro parlamentar mais favorável ao bloco. Para a assessora, o bloco econômico se mostra promissor, já que Uruguai e Paraguai querem avançar nos acordos internacionais e Argentina, apesar de uma situação ainda complicada por terem parte dos negociadores ligados ao governo anterior, tem se mostrado aberta.

Novo governo

O ex-secretário de Comércio Exterior e presidente do Comitê de Comércio Exterior da Amcham e sócio da Barral M Jorge Consultoria, Welber Barral, lembrou que no “Ponte para o Futuro”, do PMDB, há menção para ações de ênfase a criação de valor a cadeias globais de valor e que um novo governo precisa discutir mais o assunto, além de conversar com o setor privado para estimular o comércio internacional. “A Camex também poderia ser melhor estruturada”, disse.

Os especialistas participam de evento de lançamento do estudo “Impactos para o Brasil de Acordos de Livre Comércio com Estados Unidos e União Europeia”, da Amcham e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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