A defesa do empresário Raul Schmidt comemorou o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para transferir a ação penal contra ele no âmbito da Operação Lava Jato para Portugal. À reportagem, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que “a vantagem de fugir de um julgamento que já tinha um carimbo posto na 13ª Vara Federal de Curitiba, onde as sentenças são conhecidas adredemente”, é uma vitória. “É o reconhecimento de que ganhamos definitivamente o processo de extradição.”

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Alvo da primeira fase internacional da Lava Jato, Schmidt é investigado pelo pagamento de propinas de mais de US$ 200 milhões em “serviços” – entre eles, facilitação de desvios de recursos da Petrobras em diferentes diretorias – aos ex-diretores da estatal Renato de Souza Duque, Nestor Cerveró e Jorge Luiz Zelada. Os três estão envolvidos no esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa instalado na Petrobras entre 2004 e 2014.

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Detido em março de 2016, Schmidt fez acordo com o Judiciário português para responder ao processo de extradição em liberdade. Foi preso em abril deste ano, quando a Justiça de Portugal rejeitou seus últimos recursos e determinou sua extradição para o Brasil. No início de maio, no entanto, o Supremo Tribunal de Justiça de Portugal concedeu habeas corpus ao empresário.

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“Eu conversei com os advogados portugueses, que disseram que não há nenhuma preocupação com esse processo se desenrolando lá (em Portugal), dentro de um Poder Judiciário independente e democrático, fugindo das conhecidas arbitrariedades da 13ª Vara Federal de Curitiba”, explicou Kakay.

Após a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e a secretária de Cooperação Internacional do MPF, Cristina Romanó, discutirem o assunto com autoridades portuguesas, a instituição solicitou ao juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a transferência da ação penal contra Schmidt para Portugal.

Assinado pelos procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o pedido de transferência tem o objetivo de assegurar que o acusado responda ao processo e cumpra pena – caso seja condenado – em Portugal.

De acordo com a Secretaria de Comunicação Social da PGR, o pedido de transferência do caso teve como fundamento jurídico os artigos 47 da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção e o 21 da Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional.

Extradição

No final de maio, o Tribunal da Relação de Lisboa arquivou o processo de extradição ao Brasil do empresário Raul Schmidt. A decisão foi tomada após o juiz conselheiro Manuel Joaquim Braz, da Quinta Seção Criminal do Supremo Tribunal de Justiça de Portugal, afirmar que esgotado o prazo de entrega do empresário às autoridades brasileiras torna-se “ilegal a sua detenção para esse efeito, seja por que período for”.

De acordo com a decisão do Tribunal de Relação de Lisboa, “por força desse despacho do Sr. Conselheiro Relator (do Supremo Tribunal de Justiça) e do acórdão de 3 de maio (que concedeu o habeas corpus ao empresário), determina-se o cancelamento da ordem de extradição, arquivando-se por consequência os respectivos autos”.