A desembargadora Maria de Lourdes Sallaberry, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT-RJ), disse hoje (18) não saber quem é o servidor que, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), movimentou R$ 282,9 milhões em 2002. Ela acusou o presidente da Seccional Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Wadih Damous, de fazer afirmações “levianas e açodadas” ao dizer “tratar-se de dinheiro público”, insinuar “haver no Tribunal ‘mais um lalau’, referindo-se ao ex-juiz Nicolau dos Santos Neto, do TRT de São Paulo”, e ao cogitar “a possibilidade de haver correlação (da movimentação financeira) com o trágico incêndio ocorrido em 2002 na sede do TRT-RJ”.

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Segundo a desembargadora, que chegou a ficar com voz embargada e se esforçou para não chorar durante encontro com jornalistas, “as suspeitas lançadas pelo presidente da OAB-RJ atingiram quase 6.000 honrados e dedicados servidores e magistrados, ativos e inativos”, do Tribunal. O Coaf divulgou ontem que um servidor do TRT-RJ movimentou R$ 282,9 milhões em 2002. Não se sabe a origem desse dinheiro. Antes de se tornar servidor da Justiça do Trabalho, ele teria sido um ex-doleiro e sócio de uma casa de câmbio. O homem chegou a ser preso durante uma operação realizada pela Polícia Federal.

Maria de Lourdes afirma que não cabe a ela, mas sim ao Ministério Público Federal, perguntar ao Coaf o nome do servidor. Por isso, ela encaminhou hoje ofício ao Coaf em que pergunta se, quando identificou a movimentação atípica, o órgão informou ao TRT-RJ. Maria de Lourdes também enviou ofício ao Ministério Público Federal pedindo que, caso ainda não esteja investigando o caso, comece a fazer isso imediatamente. “Não tenho conhecimento de nenhum funcionário do TRT-RJ que tenha sido preso desde 2002, nem o Tribunal foi comunicado sobre qualquer movimentação atípica (de dinheiro por seus funcionários)”, afirmou Maria de Lourdes, que não pretende tomar qualquer medida judicial contra Damous.

O presidente da OAB-RJ afirmou que não fez acusações genéricas, mas cobrou o fim do sigilo de informações que podem envolver dinheiro público. “Pode ser que não haja nenhuma irregularidade na movimentação do dinheiro por esse funcionário, mas é preciso vir a público e esclarecer”, afirmou. “A presidente do TRT está em um momento infeliz, mas agir com falta de respeito e criar uma relação tensa com a OAB não ajuda em nada”, disse. A OAB-RJ também emitiu dois ofícios hoje: ao Coaf pediu o nome e outras informações sobre o servidor; ao Ministério Público Federal, solicitou a investigação do caso. “O TRT tomou providências semelhantes, mas só depois que a OAB-RJ apresentou suas medidas”, disse Damous.

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