A Juíza Débora Faitarone, da 1ª Vara do Júri de São Paulo, decretou a prisão preventiva do ex-vereador Manoel Eduardo Marinho, o “Maninho do PT”, e seu filho, Leandro Eduardo Marinho, acusados de tentativa de homicídio duplamente qualificado – “por motivo torpe e por dificultar a defesa da vítima” – contra o empresário Carlos Alberto Bettoni, no dia 5 de abril, em frente à sede do Instituto Lula, em São Paulo.
Na decisão a magistrada também recebeu a denúncia contra Manoel e Leandro. Ela destaca que “a vítima permaneceu dias na UTI”.
“O estado de saúde dela ainda é gravíssimo, não obstante já tenha deixado o hospital. O laudo pericial juntado aos autos acusa traumatismo craniano (ferimento corto contuso na região da cabeça com afundamento parietal posterior a esquerda. Hemorragia em lobo frontal e temporal direitos e traumatismo com fraturas na porção óssea do septo nasal)”, anotou.
Segundo a magistrada, Maninho e seu filho “contaram com a impunidade, que não veio e não virá”. “Eles não podem permanecer em liberdade após a prática de um crime doloso contra a vida, praticado de maneira tão covarde”.
“As imagens demonstraram que a vítima, por diversas vezes, pediu para que os réus mantivessem a calma. Ela ergueu o braço, com a palma da mão aberta e implorou para que eles cessassem as agressões. Ela tentou fugir dos réus, mas infelizmente não conseguiu”, afirmou.
No despacho, a juíza ainda avalia que a “liberdade dos acusados geraria, na sociedade, uma enorme sensação de impunidade e a impunidade é um convite ao crime”.
“O Brasil é o país com o maior número de homicídios do mundo e isso exige responsabilidade social por parte do Poder Judiciário”, escreveu.
A juíza afirma que, após empurrar o empresário contra o caminhão, “mesmo com a vítima caída, com uma poça de sangue que escorria pela sua cabeça em via pública (ela parecia estar convulsionando), os réus afastaram-se do local, demonstrando frieza e total desprezo pela vida humana”.
“A vítima foi socorrida por populares, que gritaram por uma ambulância. Os gritos dos populares são de desespero. As imagens demonstraram, de maneira clara, toda a cena”, narra.
Denúncia
Nesta quinta-feira, 10, o promotor Luiz Eduardo Levit Zilberman denunciou o ex-vereador e seu filho por tentativa de homicídio duplamente qualificado. Segundo o promotor, o crime foi cometido por motivo torpe “decorrente de intolerância diante da suposição de que a vítima estivesse no local a protestar contra o ex-presidente da República e seus apoiadores políticos” e com emprego de meio cruel.
Zilberman pediu o arquivamento do caso em relação ao sindicalista Paulo Cayres, conhecido como “Paulão”, que chegou a ser indiciado.
Defesa
A reportagem está tentando contato com a defesa de Manoel Eduardo Marinho e Leandro Eduardo Marinho, mas ainda não obteve retorno.
Na opinião dos advogados Daniel Bialski e João Batista Jr, que representam o empresário Carlos Alberto Bettoni, “a prisão cautelar decretada, além de muito bem fundamentada, atende os anseios da sociedade e traz segurança para que testemunhas e vítima possam ter tranquilidade para depor em juízo e aguardar o julgamento pelo Tribunal do Júri”.