Ao apreciar pedido de impugnação formulado pela Coligação Curitiba Melhor prá Você contra a divulgação da pesquisa Local/Senso, o juiz da 1.ª Zona Eleitoral, D?Artaganan Serpa Sá, suspendeu a publicação dessa e de todas as outras pesquisas que estavam registradas no TRE.
De acordo com seu despacho, está proibida “a divulgação de qualquer tipo de pesquisa eleitoral, por qualquer instituto de opinião pública, na cidade de Curitiba”.
Além do Instituto Local/Senso, que pretendia divulgar ontem o resultado de sua sondagem de intenção de votos para a Prefeitura de Curitiba, requereram registro de pesquisa o Instituto Brasmarket (dia 25), o Instituto Bonilha (dias 22 e 25), a Datacenso (dia 22) e o Ibope (25 e 26 de outubro). As empresas têm prazo de três dias para recorrer da decisão ao TRE.
A primeira reclamação da coligação tucana, sob o argumento de que a sondagem da Local/Senso não cumpria as exigências estabelecidas pelo Artigo 2.º da Resolução n.º 21.576 do TSE, foi indeferida pelo juiz. Uma petição posterior, referindo-se à totalidade dos critérios utilizados, foi acatada após uma comparação com dados apresentados por outros institutos.
Amostras
“A maneira como as amostras foram cotejadas, em níveis de renda, idade, sexo e grau de escolaridade, bem como os locais pesquisados, não demonstram a realidade eleitoral vivida em nossa capital”, argumenta Serpa Sá em sua sentença.
Ele destaca ainda que “qualquer divulgação de resultado com erro de pesquisa eleitoral seria vital neste momento de qualquer campanha eleitoral”.
Também lembrou o que aconteceu no primeiro turno, quando as urnas apresentaram resultados bem diversos das pesquisas divulgadas na última semana de campanha: “Um exemplo flagrante foram os índices do candidato Rubens Bueno (PPS). Desta forma, entendo que não se deve concordar com a divulgação de pesquisas para ficar induzindo o eleitor. Qualquer meio utilizado com esse fim compromete a democracia”, arrematou.
Empresas aguardam notificação
Procurado por esta reportagem, o Instituto Bonilha informou que não pretende recorrer da decisão. O sociólogo Rogério Bonilha considerou que fere a liberdade dos institutos a formulação, pela Justiça Eleitoral, de metodologias para os trabalhos dos pesquisadores, como a proibição às consultas via telefone, a determinação de uma margem de erro mínima ou a necessidade de representar toda a cidade.
“O mais apropriado seria uma atuação fiscalizatória mais intensa do Conselho Regional de Estatística, como ocorre com outras atividades. Por outro lado, entendo a lógica da Justiça ao tentar dar ao eleitor uma pesquisa com controle de qualidade. Trata-se de uma discussão que precisa ser aprofundada, de modo a permitir que se possa usufruir dos benefícios desse importante instrumento que é a pesquisa eleitoral.”
O diretor da Brasmarket, Estácio Ramos, informou que não foi notificado da decisão do Tribunal Regional Eleitoral. Ele disse que somente decidirá se contestará a decisão da Justiça Eleitoral quando for oficialmente comunicado da suspensão da pesquisa, cujo registro foi solicitado pela empresa no dia 25.
DataSenso
O diretor do Instituto DataSenso, Claudio Shimoyma, disse que a pesquisa de intenções de votos realizada pela empresa já estava pronta para ser divulgada hoje e que irá recorrer da decisão do TRE.
Shimoyama afirmou que, antes, irá tomar conhecimento das razões apontadas pelo juiz D?Artagnan Serpa Sá para proibir a sondagem. “De qualquer forma, nós vamos buscar os nossos direitos”, afirmou o diretor da empresa, que ontem estava fora de Curitiba e somente hoje, quando retornar, irá se informar junto ao TRE sobre a decisão do juiz da 1.ª Zona Eleitoral.
O Ibope, autor de dois pedidos de registro de pesquisas, não se pronunciou. A assessora de imprensa, Tânia Ribeiro, comentou que a empresa não tinha conhecimento oficial da decisão e, portanto, não se manifestaria a respeito. O Estado não conseguiu contato com a direção da Senso Pesquisas, cuja sondagem sobre a disputa eleitoral em Curitiba, apontando empate técnico na disputa, chegou a ser divulgada ontem por alguns veículos de comunicação. (Elizabete Castro)
