Juiz ouve testemunhas contra José Rainha Júnior

As investigações da Polícia Federal, que resultaram na prisão do líder dissidente do MST, José Rainha Júnior, foram criticadas hoje pelo advogado de defesa Juvelino José Strozake. Ele questionou a atuação da PF após o juiz Joaquim Eurípedes Alves Pinto ouvir quatro testemunhas de acusação contra Rainha, um delegado e três agentes, na Justiça Federal, em Presidente Prudente (SP). “A Polícia Federal acabou se imiscuindo numa luta social e política que existe na região (Pontal). Ela (PF) entrou em um terreno que é uma disputa política”, acusou o advogado.

A acusação de extorsão não procede, segundo ele. “Usinas de açúcar e álcool denunciaram extorsão (por parte do grupo de Rainha), mas não registraram Boletim de Ocorrência. Por trás disso estão multinacionais que controlam a produção de álcool e açúcar. Elas estão contra os movimentos sociais. Os depoimentos de hoje são uma repetição do que já está no processo”, atacou Strozake, acrescentando que o Ministério Público (MP) “não tem conseguido produzir provas” contra seu cliente (Rainha). Depois de afirmar ter certeza de que Rainha é inocente, o advogado disse que amanhã o Tribunal Regional Federal de Recursos (TRF), em São Paulo, julga um hábeas corpus em favor do líder dissidente do MST. Outro habeas corpus deverá ser julgado daqui a um mês, em Brasília. “Podemos ir ao Supremo”, completou.

O Capital

Quem também crê na inocência de Rainha é sua mulher Diolinda Alves de Souza, de 42 anos. Ela pretende recorrer até à Anistia Internacional para libertar seu marido. “Vamos fazer manifestações pelo País e vamos levar o caso para a Anistia”, prometeu. Acompanhada da filha Sofia, de 10 anos, que carregava uma camiseta com a frase “Zé Rainha é inocente”, Diolinda liderava uma grupo de 13 pessoas. Ela criticou o governo paulista pela prisão. Querem tirar o Rainha de circulação, querem impedir manifestações contra a regularização das terras. Queremos explicação para essa prisão, que é política”, atacou, completando que Rainha deveria responder em liberdade.

Rainha foi à Justiça Federal acompanhado de Claudemir Silva Novais, líder do MST em Araçatuba. Eles estavam algemados e ouviram, por mais de quatro horas, as acusações feitas pelo delegado Eustáquio Antônio Reis Almeida e pelos agentes federais Luis Felipe Soares Júnior, Elvis Amaral e Valéria Dias Batista. A prisão de Rainha completa quatro meses em 16 de outubro. Ele emagreceu 15 quilos e, desde junho, já leu todos os volumes do livro “O Capital”, de Karl Marx.

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