O juiz eleitoral Marcelo Tadeu decretou na semana passada a prisão provisória de três secretários municipais e um empresário de Santana do Mundaú, cidade localizada a 100 quilômetros de Maceió, mas até hoje os acusados continuavam foragidos. Segundo a Polícia Federal (PF), o vazamento da informação das prisões teria contribuído para a fuga dos acusados. Mas para o juiz, o motivo foi a demora da PF para executar as detenções.
Os foragidos com prisão temporária decretada são os secretários municipais José Élcio da Silva (Administração), Antônio Duarte (Educação), José Maciel Félix da Silva (Transportes) e empresário Carlos Eduardo Pedrosa dos Santos, dono de um posto de combustível. Eles são acusados de crime eleitoral e formação de quadrilha. Élcio é filho e José Maciel sobrinho do prefeito da cidade, Elói da Silva (PSC).
“De acordo com a denúncia feita por um eleitor e as provas colhidas após a execução de dois mandados de apreensão de documentos, está comprovado que eles estavam usando a estrutura da prefeitura de Santana do Mundaú, com a conivência do prefeito Elói da Silva, para beneficiar a candidatura do deputado estadual Nelito Gomes de Barros (PSDB), que é candidato à reeleição”, afirmou o juiz Marcelo Tadeu.
Como o prefeito e o deputado gozam de foro privilegiado, o juiz encaminhou a denúncia à Procuradoria Regional Eleitoral e ao Ministério Público Estadual (MPE). Segundo Marcelo Tadeu, o prefeito pode responder também por crime contra a economia popular e por improbidade administrativa, já que recursos do município estariam sendo desviados para atividades eleitorais.
Para o juiz, os três secretários e o dono do posto só estão foragidos porque houve “corpo mole” da PF. “Eu entreguei o mandado de prisão temporária contra os quatro acusados ao delegado federal Políbio Brandão, da Polícia Federal, na sexta-feira da semana passada. Eles só vieram aqui na terça-feira, quando a notícia da prisão já circulava na internet, por isso que os acusados fugiram, não foi porque a minha decisão vazou”, disse.
Vazamento
O superintendente da PF em Alagoas, Amaro Vieira, negou a falta de interesse da corporação. Segundo ele, os acusados fugiram porque a informação sobre a prisão vazou. “Que houve vazamento de informações, houve. Não há como negar os fatos, o vazamento ocorreu, mas não há indícios que isso tenha ocorrido dentro da Polícia Federal”, afirmou. “Vamos procurar saber da onde vazou e vou me empenhar pessoalmente na prisão dos foragidos.”
Amaro Vieira pediu ajuda à população para que denuncie ao paradeiro dos quatro foragidos, por meio do telefone (82) 3216-6700. O superintendente não quis entrar na polêmica com o juiz, mas disse que os agentes federais demoraram para se deslocar até Santana do Mundaú porque perderam tempo procurado os endereços dos acusados, já que essas informações não constavam nos mandados de prisão.
Em Santana do Mundaú – um dos mais atingidos pelas enchentes de junho em Alagoas – nem o prefeito nem os secretários acusados de corrupção eleitoral foram localizados. Nas outras secretarias e na sede da prefeitura, a resposta era a mesma: “Nem o prefeito nem os secretários estão.”
