A Prefeitura de São Paulo e o Ministério Público Estadual obtiveram, na segunda-feira (30), uma liminar do juiz Michael Birt, em ação na corte da Ilha de Jersey, no Canal da Mancha, para bloquear US$ 22 milhões supostamente desviados do município durante a gestão de Paulo Maluf (1993-1996). Em outra ação, foi pedido o repatriamento do dinheiro para o Brasil. Uma terceira ação será proposta no Brasil para obrigar a Eucatex – empresa da família Maluf – a devolver US$ 93 milhões aos cofres públicos.
Essas são as primeiras ofensivas do município para reaver os recursos que, segundo o Ministério Público, foram desviados de obras como a construção da Avenida Roberto Marinho, na zona sul de São Paulo. O dinheiro de Jersey, segundo as autoridades, está em contas de duas offshores: a Durant International Corporation e a Kildare Finance Limited. Segundo a Promotoria de Justiça da Cidadania de São Paulo, essas empresas pertencem a três filhos do ex-prefeito: Flávio, Lygia e Lina Maluf.
O dinheiro de Jersey teria como origem contas bancárias na Suíça e em Londres mantidas, segundo o Ministério Público, por Maluf, hoje deputado (PP-SP). O ex-prefeito e seus familiares negam as acusações. “Sabemos que ao menos US$ 22 milhões ainda estão em Jersey”, disse o promotor Silvio Antônio Marques, responsável desde o início pelas investigações. Segundo ele, mais de US$ 200 milhões passaram pelas contas de Jersey. “O restante foi enviado para os Estados Unidos e outros lugares.” O promotor afirmou que, dentro de 30 dias, no máximo, deve entrar com a ação contra a Eucatex.