Os judeus brasileiros convocados a trabalhar nas eleições do próximo dia 1.º de outubro estão sendo orientados pelos rabinos de suas comunidades a pedir a dispensa desta tarefa cívica em decorrência de uma coincidência de datas: no mesmo dia da votação será comemorado o Yom Kippur, ou Dia do Perdão, considerado o momento mais sagrado para os judeus.
O Yom Kippur, ou Dia do Perdão, terá início com o pôr-do- sol do próximo dia 1.º de outubro, terminando 25 horas depois. Apesar do Dia do Perdão começar no pôr-do-sol do dia 1.º de outubro, é necessária uma preparação especial para isto. Por causa dela, os judeus que foram convocados a trabalhar nas eleições foram orientados a pedir dispensa na Justiça Eleitoral. O rabino Sami Goldstein explica que o Dia do Perdão é realizado uma vez por ano. É a oportunidade para cada pessoa de origem judaica fazer um profundo balanço, refletir sobre seus atos e conciliar. ?O perdão foi a maior graça que Deus nos deu. O perdão pode consertar um erro e tornar as pessoas mais unidas. O Dia do Perdão é um dia de balanço, no qual se assume um compromisso sincero de fazer algo pela criação de Deus?, explica.
Para chegar a este perdão, os judeus passam por uma penitência, sem qualquer tipo de autoflagelação. São cinco proibições durante o Dia do Perdão: não comer e beber; não calçar sapatos de couro; não banhar-se (apenas as partes íntimas para manutenção da higiene); não se enfeitar, usar acessórios ou maquiagem; e não ter relações conjugais. ?O sapato de couro, por exemplo, era o símbolo de distinção entre ricos e pobres?, esclarece Goldstein. O Dia do Perdão é um momento em que as orações são intensificadas e os judeus passam a maior parte do período dentro da sinagoga.
O rabino Goldstein diz que ?embora comece no entardecer de domingo, há um ritual de preparação em que a família é reunida?. Por esta razão, a Confederação Nacional Israelita Brasileira (Conib) entrou com um pedido junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que dispensasse os judeus que foram convocados a trabalhar nestas eleições.
A Justiça Eleitoral não acatou o pedido, mas fez a ressalva de que os juízes eleitorais de cada município analisassem caso a caso. Assim, a Conib orientou os judeus convocados para serem mesários a pedir a dispensa. ?Temos conhecimento de judeus que pediram a dispensa, em todo o Brasil, e foram atendidos?, informa Goldstein.
Apesar do ritual de preparação para o Dia do Perdão e do pedido de dispensa para não trabalharem no dia da eleição, os seguidores do judaísmo vão comparecer nas seções de votação no dia 1.º de outubro. ?A tarefa de votar é de todos. Nós, brasileiros judeus, precisamos participar para decidir o futuro da nação. É possível dar uma escapada rápida para votar e retomar os preparativos?, garante o rabino.