O jornalista Amaury Ribeiro Jr. disse à Polícia Federal (PF) que o petista Rui Falcão, coordenador da campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT), infiltrou dois espiões no comitê eleitoral em Brasília. Por trás disso, estava a briga pelo milionário dinheiro pago pelos serviços de comunicação da campanha.
Segundo Amaury, essas pessoas foram apresentadas por Falcão como “voluntários” e militantes do PT paulista. O jornalista afirmou no depoimento dado na segunda-feira, cujo teor foi obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, que acredita ser esse “grupo do PT Paulista” – segundo palavras dele – a origem dos vazamentos de informações sigilosas da coordenação de comunicação entre abril e maio deste ano.
A briga por espaço e dinheiro levou à revelação do polêmico dossiê com dados fiscais sigilosos do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, que circulou pelas mãos de integrantes da campanha de Dilma. Amaury é apontado pela PF como o responsável pela encomenda da violação ilegal dos dados de Eduardo Jorge e de outros tucanos, incluindo a filha e o genro do presidenciável José Serra (PSDB). O jornalista, por sua vez, afirma que Rui Falcão furtou esses dados e insinua que ele vazou o material pela imprensa com a versão de que integrantes da campanha de Dilma estariam preparando um dossiê contra o PSDB.
O objetivo do grupo paulista seria desgastar a equipe do jornalista Luiz Lanzetta, contratado, por R$ 150 mil mensais, para cuidar da assessoria de imprensa de Dilma em Brasília. A “espionagem” serviria para Falcão saber o que o grupo de Lanzetta vinha fazendo em Brasília.
Rui Falcão trabalhava por um grupo de São Paulo, contrário à contratação de Lanzetta, que teve de deixar a campanha em junho quando estourou o escândalo do dossiê. Foi Lanzetta quem convidou Amaury em abril para fazer parte do grupo de inteligência da campanha. Numa reunião num restaurante em Brasília, teriam discutido o dossiê contra Serra produzido por Amaury.
Despachante
O despachante Dirceu Garcia disse sexta-feira à PF que se encontrou com o jornalista Amaury Ribeiro Jr. em setembro para negociar a violação do sigilo fiscal de tucanos. Amaury teria prometido dar R$ 5 mil a Garcia. O depósito foi feito em duas parcelas numa agência do Bradesco, em 9 e 17 do mês passado.
Foi o 3º depoimento de Garcia à PF. Nos dois primeiros, em 6 e 7 de outubro, ele revelou que Amaury encomendou os sigilos, que foram entregues entre 29 de setembro e 8 de outubro de 2009, quando o jornalista pagou R$ 12 mil em dinheiro vivo. Os R$ 5 mil depositados no mês passado, segundo Garcia, seriam para ele se calar sobre o caso.