Jorge Samek continua à espera de um telefonena

Um paranaense ainda aguarda um contato da presidente eleita Dilma Rousseff para saber se continua por mais quatro anos no governo federal. Jorge Samek, atual presidente da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional, garante que ainda não recebeu a tão aguardada ligação de Dilma. Ele diz que vai cumprir o seu “contrato” até 31 de dezembro, quando termina o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Samek foi um dos anfitriões dos presidentes dos países membros do Mercosul, que se reuniram na semana passada em Foz do Iguaçu.

Samek comanda a Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo, desde 2003, quando o presidente Lula o convidou para este cargo estratégico. “Não tem nada definido. A presidente Dilma ainda está montando seu ministério. Não houve nenhuma conversa a respeito. Meu contrato termina daqui a menos de 15 dias. Termina em 31 de dezembro, quando encerra o mandato do presidente Lula”, assegurou.

Enquanto isto, Samek colhe os frutos do crescimento da usina, que atingiu recorde de produção durante a sua gestão, em 2008. Foram 95 milhões de megawatts/hora de produção. A Itaipu se consolidou como um dos mecanismos de desenvolvimento da região oeste do Estado nas áreas ambiental e tecnológica. Para Samek, as iniciativas de Itaipu “deram um recado” a outras empresas para que ampliassem suas ações ambientais.

Com a intenção de se tornar uma mola propulsora de desenvolvimento, foi realizado um planejamento estratégico dentro de Itaipu, que proporcionou a ampliação de sua atuação. “Temos o Parque Tecnológico Itaipu, um dos parques mais festejados, que culminou na criação da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana, instalada em Foz do Iguaçu). É um projeto do Ministério da Educação, mas tem uma parceria forte da Itaipu”, comentou.

De acordo com Samek, esta contrapartida é importante, ainda mais para uma empresa instalada no Paraná e que gera 20% da energia consumida no País. “Existe esta vocação e o peso será o mesmo que a Petrobras tem onde está instalada. Não dá para ser um peso na transformação regional que não seja da forma colaborativa. Saber conversar com as empresas e movimentos sociais. Seria um desserviço à nação não colocar toda esta qualificação que temos aqui para o desenvolvimento regional”, comentou. Samek classificou a Itaipu como um verdadeiro viveiro de doutores, pós-doutores e especialistas que são referências em todo o mundo.

Samek ainda destacou que durante sua gestão foi possível fechar a construção das duas últimas unidades de geração da usina, que ficou com potencial instalado para 14 mil megawatts/hora. Itaipu, além das áreas de produção de energia, ambiental e tecnológica, tem contribuído para o incremento do turismo na região oeste do Paraná.

“Relação com o Paraguai é excelente”

Em meio às negociações para um maior pagamento pela energia cedida do Paraguai ao Brasil dentro do acordo da usina bilateral, o presidente da Usina de Itaipu, Jorge Samek, diz que a relação dos dois países é excelente. Foi acertado entre os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Lugo que o valor pago pelo excedente de energia ao Paraguai saltará de US$ 2,18 para US$ 8 por megawatt/hora.

Para o acordo sair do papel, basta apenas a aprovação do Congresso Nacional brasileiro. Lula, mesmo deixando o cargo de presidente da República, disse ao companheiro paraguaio que o assunto será discutido pelo Poder Legislativo em 2011. A afirmação veio durante a Cúpula dos Presidentes do Mercosul, realizada semana passada em Foz do Iguaçu.

“Toda nossa dívida e o pagamento, inclusive de royalties, acontece em dólares. Por ser uma usina binacional, se achou por bem adotar esta moeda. O empréstimo para a construção foi feito em dólares e se paga em dólar pelo Real do dia ou Guarani (moeda paraguaia) do dia. Estamos hoje com um valor estabilizado, diferente de 2003, quando o dólar era quase o dobro de hoje”, contextualizou.

O Paraguai retira de Itaipu toda a energia que precisa para abastecer o País e, o que sobra, necessariamente é comprado pelo Brasil. Nesta aquisição entraria o pagamento de US$ 8 acordado entre os dois países. “No custo final da energia de Itaipu seria pouco. E seria sobre os outros 50% da energia gerada, descontando o que o Paraguai já usa. Encareceria o valor, mas o Real valorizou mais do que isto. Faz seis anos que não há reclamação do preço da energia de Itaipu. É um valor (o que seria pago ao Paraguai) que cabe tranquilamente no orçamento”, ressaltou Samek.

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