Após as faíscas já no início de governo por causa da chamada Comissão da Verdade e os casos de desaparecidos políticos durante a ditadura militar, os ministros Nelson Jobim (Defesa) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) fizeram hoje a sua primeira reunião fechada, adotando discurso conciliador para amenizar polêmicas.
“O mais importante para o Brasil é que a Comissão da Verdade seja instituída, não queremos cisões nacionais. Não se trata de uma comissão para os civis ou os militares, nossa atuação em nenhum momento se segmenta”, disse Rosário à imprensa, após o encontro de uma hora. “Vamos trabalhar conjuntamente, há um projeto de lei tramitando na Câmara apoiado por mim, pelo ministro Jobim e pelo governo, somos partes de uma mesma integração”, acrescentou.
Em seu discurso de posse, a ministra defendeu o “reconhecimento da responsabilidade do Estado pelas graves violações de direitos humanos com vista a não repetição do ocorrido”. Na ocasião, Maria do Rosário também prometeu implantar o Plano Nacional de Direitos Humanos 3, que foi motivo de divergência entre Paulo Vanucchi, seu antecessor na pasta, e Jobim.
Em entrevista ao programa Bom dia ministro, da estatal EBC, Jobim afirmou que o projeto pretendido por Vanucchi era “unilateral”. “Queríamos que fosse feita uma visão completa do tema, ou seja, as ações desenvolvidas não só pelas Forças Armadas à época como também pelos movimentos guerrilheiros”, declarou.
O comentário aumentou a tensão no governo por atingir a atuação na época da hoje presidente Dilma Rousseff. “Não há nenhuma divergência”, disse Jobim hoje, antes de participar de cerimônia de homenagem aos militares brasileiros mortos no Haiti. Ao ser provocado por um repórter sobre quem seria o dono da verdade, o ministro da Defesa respondeu: “O dono da verdade é a verdade, a verdade não tem dono”.