O ministro da Defesa, Nelson Jobim, adiou por pelo menos uma semana o depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, que estava marcado para quarta-feira (10). Em telefonema ao presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), Jobim pediu que sua ida ao Congresso fosse transferida para o próximo dia 17. Motivo: alegou que havia sido “convocado” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acompanhá-lo na viagem a Manaus e a Coari (AM). A convocação de Lula, no entanto, faz parte da estratégia do governo para abafar a crise dos grampos e desviar o foco da polêmica entre Jobim e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Jorge Felix.
A ordem do presidente é para que os dois ministros parem de trocar farpas em público. O assunto será discutido nesta terça-feira (9), em caráter reservado, na reunião da Coordenação Política do governo que contará com a presença de Jobim e Felix. Lula espera que no encontro sejam apresentados os primeiros resultados das investigações sobre quem grampeou os telefones de ministros, parlamentares e até do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
Mais: quer saber qual a relação entre a Polícia Federal, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Francisco Ambrósio, o ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI) acusado de ter grampeado telefones de várias autoridades durante a Operação Satiagraha. Na semana passada, Jobim acusou a Abin de comprar equipamentos para fazer escutas clandestinas, mas Felix contestou o colega. Um laudo do Exército, a ser divulgado na reunião com Lula, informa que dois dos equipamentos adquiridos pela Abin podem ser usados para grampo, se acoplados a outros. Nos bastidores, agentes da Abin afirmam que Jobim quer transferir o trabalho da agência para o Exército. Ele nega. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.