O marqueteiro João Santana relatou, em delação premiada ao Ministério Público Federal (MPF), que a presidente cassada Dilma Rousseff teria nomeado Graça Foster para a presidência da Petrobrás para acabar com a “esculhambação” na estatal. De acordo com Santana, a declaração foi uma resposta da então presidente a críticas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que consideraria a indicação de Graça um “erro profundo”.

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Santana descreveu que, em um jantar no Palácio do Planalto, Dilma teria se ressentido com as queixas feitas por Lula. “Ela me disse: ‘Olha, as críticas que o Lula faz a Graça são tão injustas quanto as críticas que a imprensa faz a mim”, afirmou o delator, em referência às denúncias de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena (EUA) envolvendo a petista.

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De acordo com o marqueteiro, Dilma alegou estar “colocando ordem na casa”. O objetivo seria acabar com problemas de gestão e possíveis usos políticos da Petrobrás. Como parte do “saneamento”, estaria a demissão de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da empresa condenado pela Operação Lava Jato. “Ela usou a frase ‘será que eles não enxergam que eu estou arrumando a casa? O canalha do Paulo Roberto Costa fui eu que tirei. E acabei remediando muita coisa lá’”.

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As queixas de Lula a Graça Foster, de acordo com Santana, seriam relativas à demora no pagamento de empresas prestadoras de serviços para a Petrobrás. Segundo o delator, o ex-presidente afirmava que os atrasos seriam sistemáticos e intencionais, o que teria irritado empresários. “Ele tinha uma restrição pessoal e administrativa ao estilo da Graça. Dizia que ela era incompetente, não tinha estatura pro cargo, não tinha traquejo político, nem administrativo e que foi um erro profundo da Dilma colocá-la”.

O marqueteiro também disse que Lula fazia críticas constantes a Graça Foster, entre outros motivos, porque ela estava “fechando a torneira”. O marqueteiro afirmou que, à época, em 2014, não ligou as críticas de Lula ao pagamento às construtoras envolvidas no esquema de desvio de recursos na Petrobrás, mas que hoje, “vendo de trás para diante”, pode ter outro significado.

Defesa

Em nota enviada à imprensa anteontem, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou o sigilo dos depoimentos, a assessoria de Dilma Rousseff disse que João Santana e a mulher dele, a empresária Mônica Moura, “prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos investigadores”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.